Cerveró reafirma que compra de Pasadena não foi um mau negócio

Publicado em 10/09/2014 - 22:47 Por Luciano Nascimento – Repórter da Agência Brasil - Brasília

O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, reafirmou hoje (10) que a compra da Refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras não foi um mau negócio. De acordo com o ex-diretor, que depôs nesta quarta-feira a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, Pasadena acabou sendo um empreendimento inconcluso e que perdeu valor quando a estatal redefiniu prioridades e concentrou os investimentos na exploração do pré-sal.

“O Projeto Pasadena não foi concluído e na época apresentava boas condições. Agora, não se pode analisar um projeto nove anos depois dele ter sido aprovado, sem considerar as mudanças no período”, disse.

Segundo Cerveró, o projeto original demandava US$ 1,1 bilhão em investimentos com taxa de retorno de investimento em 10,7%, mas, com o dobro de investimentos, a taxa de retorno poderia ser 18%. “O projeto que foi aprovado, implicava uma modificação na refinaria. Não dá pra fazer uma avaliação agora, mas na época era um bom negócio”, reiterou.

Ao ser questionado pelo relator da CPMI, deputado Marco Maia (PT-RS), a respeito do relatório e da suposta omissão das cláusulas Put Option e Marlim, Cerveró, que foi o autor do relatório que embasou a decisão do Conselho de Administração da Petrobras pela compra da refinaria, disse que foi feita uma confusão a respeito da importância dessas cláusulas e que o conselho tinha condições de decidir sem ter o conhecimento delas.

“Condições de aprovação havia. Pois o conselho estava validando o processo há mais de um ano e que se enquadrava no planejamento da Petrobras. As cláusulas citadas não são relevantes para a decisão ou não da aquisição de um negocio como a Refinaria de Pasadena”, disse.

A cláusula Marlim assegurava à Astra Oil, que era sócia da Petrobras no negócio, uma rentabilidade mínima de 6,9% ao ano, mesmo em condições adversas do mercado. Já a opção de venda - o Put Option - obrigava a Petrobras a comprar a participação da Astra Oil em caso de conflito entre os sócios.

Segundo Cerveró, essas cláusulas podem ser consideradas “normais” e que a sua a omissão no resumo apresentado ao conselho “é prática comum, desde que não apresentem impedimentos ao cumprimento do plano estratégico da empresa.” Ele afirmou, no entanto, que toda a documentação necessária foi enviada ao conselho de administração.

Ao final da reunião da comissão, o deputado Fernando Francischini (SD-PR) disse que o depoimento de Cerveró foi ensaiado. “O seu Nestor Cerveró é [sic] o diretor da área de internacional, área que deixou de apresentar relatórios completos e que levaram a um prejuízo de mais de um bilhão de dólares aos cofres públicos”, disse.

Já o relator, disse que ia confrontar as informações prestadas com os documentos recebidos pela comissão. “Por isso nós fomos mais contundentes e até mesmo porque temos mais informações e podemos confrontar dados e informações que a CPMI recebeu durante todo esse processo de investigação”, disse.

Questionado a respeito da transferência de imóveis aos filhos, Cerveró disse que decidiu antecipar a herança e que a transferência de bens não está relacionada com o processo de investigação que envolve a compra da Refinaria de Pasadena (EUA).

No final de julho, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou o bloqueio preventivo de bens de Cerveró, do ex-presidente da empresa José Sérgio Gabrielli, do ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa.

Nesta quarta-feira, a CPMI decidiu convocar Paulo Roberto Costa para depor. Desde 29 de agosto, o ex-diretor da Petrobras presta depoimentos à Polícia Federal (PF) em regime de delação premiada. Partes do depoimento de Costa à PF teriam vazado e publicadas na última edição da revista Veja, apontando nomes de diversos políticos que estariam envolvidos em esquemas de corrupção dentro da estatal. Costa também é suspeito de participar de um esquema de lavagem de dinheiro coordenado pelo doleiro Alberto Youssef.

Aos parlamentares, Cerveró disse desconhecer qualquer participação direta de Costa nos acertos empresariais para a compra da Refinaria de Pasadena (EUA).  Segundo ele, o ex-diretor apenas indicou outros funcionários da empresa para trabalhar na refinaria. “Das negociações, o Paulo não participa. Apenas aprovou o negócio como membro do Conselho Administrativo da Petrobras. Ele não se envolveu”, disse Cerveró, que também disse desconhecer que tenha havido qualquer desvio de dinheiro na compra da refinaria nos Estados Unidos.

Para Maia, a participação de Costa na comissão será esclarecedora, “O que tivemos até agora foram vazamento de informações. Ele poderá trazer informações verdadeiras que foram ditas durante a delação premiada”, disse.

Edição: Fábio Massalli

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