No RS, Sartori surpreende ao chegar ao segundo turno, analisam especialistas

Publicado em 06/10/2014 - 16:03 Por Ana Cristina Campos - Enviada Especial da Agência Brasil/EBC - Porto Alegre

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O ex-prefeito de Caxias do Sul José Ivo Sartori vai disputar o segundo turno ao governo do Rio Grande do Sul com o atual governador, Tarso GenroMarcelo Camargo/Agência Brasil

O ex-prefeito de Caxias do Sul José Ivo Sartori (PMDB) surpreendeu os analistas e mudou o cenário político gaúcho previsto pelas pesquisas de intenção de votos. Com 40,4% dos votos válidos, Sartori garantiu uma vaga para disputar o segundo turno ao governo do estado. Em segundo lugar, ficou o atual governador, Tarso Genro (PT), com 32,57% dos votos.

No início de setembro, Sartori obtinha, nas pesquisas eleitorais, cerca de 10% das intenções de voto e aparecia em terceiro lugar na disputa ao Palácio do Piratini. Já a senadora Ana Amélia Lemos (PP), que até o final de setembro liderava as pesquisas, não conseguiu uma vaga no segundo turno.

“Em eleições anteriores, também houve embate muito forte entre PMDB e PT, principais forças políticas no estado. O Sartori tem um discurso centrista, mais moderado, que acabou atraindo parte do eleitorado que quer impedir o PT de chegar ao poder”, disse o professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Rodrigo González.

Segundo ele, com o embate entre Tarso e Ana Amélia durante a campanha, o peemedebista ficou protegido dos ataques dos adversários e em uma posição mais cômoda. “Ele não foi atacado pelos outros concorrentes e pôde fazer uma campanha mais confortável, propositiva. Apesar de não ser tão conhecido, tem baixo índice de rejeição”, destacou o especialista.

Para o cientista político, o segundo lugar coloca mais pressão sobre a candidatura de Tarso Genro, que precisa buscar novas alianças. “Tarso vai tentar apoio do PSB e do PDT e talvez busque aproximação com o PSOL. O caminho mais provável dos apoiadores da Ana Amélia é em direção ao PMDB.”

A coordenadora do curso de ciências sociais-ciência política da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), do campus de São Borja, Ângela Quintanilha Gomes, acredita que Sartori e Tarso, além de articular o apoio de outros partidos, devem explicitar qual é o projeto político de cada um para o estado.

“O governo atual deve mostrar que vai continuar e melhorar as políticas sociais. Sartori, que é a grande surpresa, precisa apresentar seu programa para o Rio Grande do Sul que até agora não está claro. Ele deve mostrar uma nova perspectiva para o estado. Vai ser uma disputa muito acirrada”, destaca.

O próximo ocupante do Palácio Piratini vai comandar um estado com população estimada em 11,2 milhões pessoas e o quarto maior Produto Interno Bruto (PIB) do país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Rio Grande do Sul tem economia diversificada, com destaque para o setor agropecuário, responsável por 62,1% do PIB estadual, seguido pela indústria (29%) e pelos serviços (8,7%).

Ontem (5), dos 8.385.229 eleitores aptos a votar, 6.976.843 compareceram às urnas, segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS). O índice de abstenção atingiu 16,8%. No pleito para governador, foram 458.233 votos em branco (6,57%) e 360.256 nulos (5,16%). No estado, a apuração foi encerrada às 22h. No entanto, às 19h25 já havia o resultado matemático da eleição para governador.

Edição: Lílian Beraldo

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