Empresas e executivo negam envolvimento com a máfia de órteses e próteses

Publicado em 01/07/2015 - 20:35 Por Aline Leal - Repórter da Agência Brasil - Brasília

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga a máfia das órteses e próteses ouviu hoje (1º) um investigado e três testemunhas. Miguel Iskin, dono da Oscar Iskin, uma das empresas citadas na matéria exibida pelo Fantástico e que ensejou a investigação, estava convocado para ser ouvido hoje, mas ontem (30) conseguiu, pela terceira vez, evitar o depoimento, alegando que não teve acesso à documentação da comissão.

Ouvido como investigado, Fernando Strehl, administrador da Strehl, alegou que a conversa gravada pela reportagem do Fantástico, na qual ele confirma a prática de pagar propina a médicos para que eles indiquem seus produtos, era uma “conversa de botequim”.

“Quando o jornalista se apresentou como médico, chegou para mim com uma proposta de ganhar dinheiro. E só falava disso. Logo percebi que ele era recém- formado. Vi que estava falando asneira e comecei a falar asneira com ele”, esclareceu Strehl.

O executivo negou ter participado de licitações fraudulentas e disse também que não foi beneficiado por liminares na Justiça de Santa Catarina, estado onde atua.

Exibida em janeiro, a reportagem mostrou um esquema em que fabricantes de próteses pagam comissões para médicos prescreverem determinados produtos.

Segundo a denúncia, o esquema começa quando o paciente, depois de esperar pela cirurgia da rede pública, vai para uma consulta, na qual o médico indica um advogado que, com orçamentos falsos e procedimentos superfaturados, entra na Justiça pedindo liminar para obrigar o governo a pagar o procedimento.

Também foram ouvidos como testemunhas Maria Laura Galainena (Boston Scientific do Brasil Ltda), Gabriel Anselmo (Biocath Comércio de Produtos Hospitalares Ltda) e Alexandre Fontelles (Litormed Comércio de Produtos Medicos Ltda).

A maioria das testemunhas ouvidas ontem e hoje pela CPI negou o pagamento de propina a médicos ou hospitais e afirmou ter programas internos para evitar esse tipo de prática.

O presidente da CPI, deputado Geraldo Rezende (PMDB-MS), pediu ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prorrogação do prazo para tentar ouvir mais investigados e testemunhas. A previsão para leitura do relatório é 8 de julho. O prazo para o fim da CPI é dia 17.

Relator da CPI, o deputado André Fufuca ( PEN-MA) informou que incluirá no relatório os que deixarem de ser ouvidos, de modo que o Ministério Públio e a Polícia Federal façam o pedido de investigação. 

 

Edição: Armando Cardoso

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