Rebaixamento da nota do Brasil já era esperado por parlamentares

Publicado em 15/10/2015 - 20:14 Por Mariana Jungmann – Repórter da Agência Brasil - Brasília

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, participa de audiência para discutir os sistemas eleitorais e o financiamento de campanha (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Contas se deterioram de forma extremamente grave, diz  o  senador  Aécio  Neves  Arquivo/Agência Brasil

No Congresso Nacional, o rebaixamento da nota do Brasil pela agência de classificação de risco Fitch foi considerado algo que podia ser previsto. Tanto oposicionistas quanto governistas disseram que a decisão já podia ser prevista diante do quadro de instabilidade política e das dificuldades econômicas que o país vem enfrentando.

A Fitch rebaixou a nota do Brasil, mas manteve o grau de investimento. A nota passou de BBB para BBB-, com perspectiva negativa.

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse que o rebaixamento já era esperado e o atribuiu à incapacidade do governo de dar ao mercado sinais de que tem condições de reverter a situação ruim da economia.

“As contas do país vêm se deteriorando de forma extremamente grave. E o que é mais sensível a essas agências é a percepção de que o governo perdeu a capacidade de orientar, de sinalizar para uma agenda nova de retomada do crescimento, de controle da inflação e de reanimação da economia. Poucos indicadores que nos chegam vêm na direção contrária.”

Para o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), o país vive um momento de “descrédito e desânimo interna e externamente”, o que provoca esse tipo de reação do mercado financeiro. “O governo, por ter perdido a autoridade política e econômica, não consegue atrair a confiança de investidores. O único caminho que poderia reverter isso seria a mudança do comando do país, uma mudança de atitude”, afirmou.

Para os governistas, o rebaixamento da nota também já era esperado. No entanto, o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), culpou o Congresso por agravar a situação, impedindo a votação de matérias que poderiam ajudar a reverter o quadro econômico, como a prorrogação da Desvinculação das Receitas da União (DRU), o projeto de repatriação de recursos irregulares no exterior e a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

O líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral, fala à imprensa no Congresso Nacional (Wilson Dias/Agência Brasil)

Delcídio: é hora de deixar disputas políticas de lado e discutir soluções para o país Arquivo/Agência Brasil

“Há um misto de instabilidade política que contamina a economia com medidas que precisam ser aplicadas e que ninguém tem previsão de quando serão adotadas”, disse Delcídio. “Com justa razão, as pessoas reagem, porque não estão vendo a consolidação de um programa de aprovação de projetos que são fundamentais para o país em 2016.”

Na opinião de Delcídio, é hora de os parlamentares deixarem as disputas políticas de lado e “sentarem à mesa” para discutir soluções para o país, retomando uma agenda de reação para que a situação econômica melhore.

“Não podemos ficar pautados até o fim do ano com julgamento do Tribunal de Contas da União, julgamento do TSE [Tribunal Superior Eleitoral], julgamento do STF [Supremo Tribunal Federal]. Nossa política já está tão judicializada, parece que ela piora a cada ano. Temos de apresentar para a população fatos concretos, e nós temos condição de apresentar muitas coisas que vão revigorar e estabilizar a economia”, afirmou.

Edição: Nádia Franco

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