“Cunha passou dos limites”, diz vice-líder do governo na Câmara

Publicado em 07/12/2015 - 19:15 Por Paulo Victor Chagas – Repórter da Agência Brasil - Brasília

Após o adiamento do encontro que definiria os integrantes da Comissão Especial que analisará o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Orlando Silva (PCdoB-SP), acusou o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de se juntar à oposição e de atropelar os partidos.

“O presidente da Câmara Eduardo Cunha perdeu completamente o limite. Não é razoável que ele queira impor a sua vontade. Ele não pode se juntar com a oposição e impor uma comissão. Ele não pode querer impor, junto com a oposição, quem é a comissão especial que vai avaliar um processo tão sério quanto esse”, afirmou.

Após a notícia, os líderes da base aliada na Câmara estão reunidos neste momento com o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini. Orlando Silva deu as declarações ao chegar ao Palácio do Planalto para o encontro com o ministro.

De acordo com Silva, a permissão dada por Cunha para a indicação de chapas avulsas, alternativas às oficiais das bancadas, para integrar a comissão, é um mecanismo criado para que as dissidências dos partidos da base se juntem à oposição e imponham uma correlação de forças que, na sua opinião, é “artificial”.

“A democracia da Casa sempre se pautou pelo respeito aos partidos, e pelo respeito aos líderes partidários. Essa é a tradição da Casa. Você não pode atropelar os partidos. Eu considero que o presidente Cunha passou de todos os limites. Mostrou que não tem a menor condição de seguir presidente da Casa”, afirmou.

De acordo com o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), a decisão é um “equívoco” do presidente Eduardo Cunha. Ele e demais líderes da base aliada se reuniram no início da noite com o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, após a notícia da formação de chapa avulsa.

Para o líder, a decisão está em desacordo com os procedimentos da Câmara e demonstra mudança de posicionamento dos partidos da oposição, que se comprometeram a lançar uma chapa única apoiada pelos líderes.

“Já que foi aberto [o processo de impeachment], que funcione dentro das regras, da previsibilidade, da forma como deve ser. Não é possível uma mudança de procedimento a cada tempo. Os partidos que queriam a abertura do processo de impeachment agora não querem deixar que processo ande. Isso me parece muito estranho.”

Para o vice-líder do governo, deputado Sílvio Costa (PE), que hoje anunciou a saída do PSC em decorrência do processo de indicação do partido para a comissão especial, a base aliada do governo não vai permitir a mudança das regras, que não tem previsão no Regimento da Câmara.

“Mais uma vez o presidente da Câmara coloca a sua digital, mostrando que o pedido de impeachment é uma implicância dele, uma pirraça dele, que não tem motivação jurídica. Isso é uma aberração regimental”, afirmou Silvio Costa.

* A matéria foi alterada às 21h08 para inclusão de novas informações.

Edição: Nádia Franco

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