Ato contra impeachment dá aula sobre momento político brasileiro em Salvador

Publicado em 13/04/2016 - 22:20 Por Sayonara Moreno – Correspondente da Agência Brasil - Salvador

Uma aula ministrada por militantes e integrantes de movimentos sociais e centrais sindicais ocorreu no fim da tarde de hoje (13) em Salvador. No auditório do Colégio Estadual da Bahia (Colégio Central), profissionais da área de educação, ligados ao sindicato da categoria (APLB), professores e estudantes universitários assistiram às palestras que tratavam o atual momento político no Brasil.

No ato, que faz parte da agenda de mobilizações contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, foram debatidos assuntos como democracia, crise política e o processo de impedimento, que os militantes contrários denominam "golpe".

Entre os convidados, Carlos Augusto Marighella (Carlinhos Marighella), filho do político e guerrilheiro baiano Carlos Marighella, preso e morto pela ditadura militar no Brasil. O filho do preso político contou para os espectadores histórias relacionadas ao pai e ao período de perseguição no período ditatorial. Depois disso, Marighella definiu o processo de impeachment como “retrocesso”.

"A gente está vivendo, hoje em dia, um momento que tem muita semelhança com aquele [ditadura]. Mais uma vez querem -através de uma coisa muito mais sutil do que aconteceu em 1964, mas com o mesmo objetivo- alcançar o poder sem eleições. Nós não podemos aceitar isso, porque as eleições são a síntese de um processo de construção de uma sociedade nossa, em que todos participam”, disse o filho do ex-guerrilheiro.

Durante as falas dos convidados a plateia gritava, em coro “não vai ter golpe”, frase comum entre os militantes contrários ao impeachment. Quem também falou foi uma das fundadoras do grupo Tortura Nunca Mais, na Bahia, Ana Guedes. Ela também criticou o processo de impeachment e disse que os membros da direita não têm condições de pedir a saída da presidenta.

“Até hoje procuramos desaparecidos da ditadura e essas questões não podemos esquecer. Em 1985, nós conquistamos o início da democracia. O governo Dilma tem problemas? Tem. Mas neste momento, o que está em jogo é ou a democracia ou o golpe. Então devemos nos unir e lutar nesses próximos dias que são cruciais, para que a gente evite que esse fascismo que está nascendo, essas pessoas que não gostam de pobre, que são a direita perigosa e capaz das piores atrocidades”, disse a defensora de Direitos Humanos.

O coordenador do sindicato dos professores, Rui Oliveira, disse que o papel das pessoas envolvidas na educação para o processo de construção da democracia é importante. A democracia também deve ser tratada em sala de aula e nos ambientes escolar e universitário”, disse.

Além deles, representantes de diversas entidades tomaram a fala, todas contrárias ao movimento pró-impeachment. Durante o encontro, estudantes secundaristas fizeram apresentações de dança e também opinaram sobre a política atual.

“A juventude sabe o que quer e não queremos o golpe ou ditadura de volta. Repúdio total a uma direita racista e machista, que quer tirar uma presidenta eleita democraticamente. Vai ter muita luta”, disse Adele Alcântara, coordenadora de políticas educacionais da União Estadual de Estudantes Secundaristas da Bahia (UBES-BA).

Durante o ato, foi lançado o manifesto Educação pela Democracia em Defesa da Escola Pública, assinado por 23 entidades, entre movimentos sociais e partidos políticos, que participaram do evento.

 

 

Edição: Fábio Massalli

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