Renan diz que não votará sobre afastamento de Dilma e conversa com Temer e Aécio

“Não vou votar e não devo votar, porque a isenção do cargo requer que

Publicado em 27/04/2016 - 19:36 Por Mariana Jungmann - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Brasília - Presidente do Senado, Renan Calheiros, fala com a imprensa na chegada ao Congresso sobre a pauta de votações (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

 Renan se reuniu com Temer e Aécio, separadamente, e disse que não votará na sessão do Senado que deverá decidir sobre o afastamente da presidenta Dilma Rousseff do cargo por até 180 diasFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil


O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse hoje (27) que não pretende votar na sessão do plenário que decidirá sobre o afastamento ou não, por até 180 dias, da presidenta Dilma Rousseff do cargo, como prevê o processo de impeachment em curso na Casa. Mais cedo, Renan Calheiros se reuniu com o vice-presidente da República, Michel Temer; depois, com o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, e com senadores, na residência oficial do Senado.

Caso a Comissão Especial do Impeachment aprove parecer favorável à admissibilidade do processo contra Dilma, no próximo dia 6, Renan disse que não se pronunciará sobre isso ao conduzir a sessão do plenário que vai votar o parecer.

“Nesta primeira votação, não vou votar e não devo votar, porque a isenção do cargo requer que eu tenha condições de continuar conversando com todo mundo, não me permite ter lado. Ao final, cada senador será transformado em julgador”, afirmou Renan. Ele também garantiu que a votação em plenário será “a mais simples possível”, o que sugere que ela pode acontecer pelo painel eletrônico e não com votos orais de cada senador.

Sobre o encontro com Temer, Renan disse que foi “institucional” e que os dois trataram da necessidade de evitar que a pauta política do país seja dominada pela distribuição de cargos no eventual novo governo de Temer.

“Nós falamos da necessidade de superarmos essa pauta de ocupação de cargos. Isso é uma coisa que está sendo contrariada pela sociedade brasileira. A virada que esse momento pode ou não possibilitar, requer uma qualificação dessa pauta. Portanto, é fundamental discutir cenários, a necessidade de fazer mudanças, reformas institucionais, essa questão do Banco Central – se vamos ter um Banco Central independente ou não – se vamos fazer a reforma política, o que vamos fazer com a questão fiscal, quais mudanças virão ou não. Eu acho que é isso que tem que dominar o noticiário de cada dia”, afirmou o presidente do Senado.

Ainda sobre a conversa com Temer, Renan negou que eles tenham tratado sobre a convocação do Congresso Nacional para, em breve, votar uma nova redução da meta fiscal para este ano.

“O vice-presidente sabe que o Senado, o Congresso, a Câmara, não faltarão com o Brasil. Tão logo haja a necessidade de nós convocarmos o Congresso para apreciar novamente a redução da meta fiscal, nós faremos isso. Porque o interesse do Brasil está acima de qualquer outra questão”, disse Renan.

Questionado sobre a proposta de emenda à Constituição encampada por um grupo de senadores, que  novas eleições presidenciais em outubro deste ano, o presidente do Senado disse não acreditar que a matéria tenha chances de ser aprovada.

“Qualquer cenário nesse momento que signifique alterar a Constituição Federal é muito difícil, porque nós estamos vivendo um momento de crise, de conturbação política, econômica, e mudar a Constituição nesse momento, ou seja, ter três quintos dos votos na Câmara e no Senado, é muito difícil. É um consenso meio que inatingível”, afirmou o senador de Alagoas.

Renan disse ainda que, ao encontrar a presidenta Dilma Rousseff ontem (26), ficou impressionado com a estabilidade emocional e a maturidade dela ao lidar com o atual momento político. “Nós conversamos sobre cenários e eu, mais do que nunca, me surpreendi com o bom senso, a firmeza, a estabilidade emocional da presidente da República, que conversa maduramente sobre qualquer questão”. Ele afirmou que a conversa tratou de “quais cenários” ambos teriam que administrar, mas não avaliaram as chances do afastamento dela.
 

Edição: Jorge Wamburg

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