Telões em Copacabana transmitem votação para manifestantes pró-impeachment

Publicado em 17/04/2016 - 15:56 Por Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil* - Rio de Janeiro

Três telões instalados por manifestantes pró-impeachment na orla de Copacabana transmitem a sessão da Câmara dos Deputados que analisa a abertura do processo contra a presidenta Dilma Rousseff. Quando deputados contrários ao impeachment falam, têm as vozes abafadas por gritos de “Fora PT” da plateia. Já os deputados que defendem o afastamento de Dilma são aplaudidos pelos manifestantes.

Centenas de pessoas estão espalhadas ao longo de uma das pistas da Avenida Atlântica, onde foram instalados os telões. Mais cedo, a Praia de Copacabana foi palco de manifestação contrária ao impeachment, liderada por cantores de funk.

A jornalista aposentada Janaína Sousa, que não quis revelar a idade, está confiante na aprovação do impeachment na votação de hoje (17). “Acho que desta vez vai haver ordem no galinheiro. É como mingau, que você come pelas beiradas. Essa foi a primeira limpa e daí continuaremos a limpar para que o país realmente tenha uma chance. Enquanto tiver roubo, este país não vai para frente.”

O relações públicas Edmir Simas, 52 anos, também acredita que o impeachment representa o primeiro passo para estancar a corrupção no país. “Primeiro apagamos o incêndio e depois vamos reconstruir nosso país. E fora Cunha. Será o próximo a cair”, disse, em referência ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A vendedora ambulante Daniela Rodrigues, 36 anos, é contra o impeachment de Dilma, mas gosta de vender seus produtos na manifestação dos que defendem a saída da presidente. “Não sou a favor do impeachment porque não tem nenhuma prova contra a Dilma. Estou aqui, porque tenho que trabalhar, mas não sou a favor”, disse. “Hoje o movimento está fraco. Parece que tem mais camelôs do que manifestantes”, brincou.

Verde a amarelo

Vestidos majoritariamente de verde e amarelo, os manifestantes pró-impeachment ocupam vários quarteirões da orla, entre os postos 3 e 5.

Alguns participantes do ato defendem, além do afastamento de Dilma, uma intervenção das Forças Armadas no país, como o soldado reformado do Exército Marcelo Couto, que veio em um jipe verde-escuro. “Estou aqui demonstrando a minha insatisfação quanto ao que está acontecendo no país, ao descaso conosco, que somos filhos desta pátria. As mudanças têm que continuar além do impeachment. A minha posição é pela intervenção militar, para mudar o que está errado, dando um choque de ordem no país”, disse.

Já o médico Bruno Hellmut, além de pedir a saída de Dilma da presidência, defende a volta da monarquia ao país. “Estou aqui para dar força ao impeachment. Estou convicto de que Dilma cometeu crime de responsabilidade fiscal e o país não aguenta mais dois anos e meio de governo dela, com tanto desemprego. Defendemos uma ampla reforma política, com cláusula de barreira, que diminua o número de partidos, viabilizado o parlamentarismo. Somos a favor que o chefe de Estado seja neutro, o imperador”, disse o médico, que é integrante do Círculo Monárquico do Rio de Janeiro.

Outros manifestantes pediam não só a saída de Dilma, mas também a do vice-presidente Michel Temer e do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha. “Estou defendendo que todos os que têm responsabilidade, e não é só a Dilma, devam sair. O próprio Eduardo Cunha não deveria estar presidindo este processo. Que caia a Dilma, que o Temer seja posto para fora pela cassação da chapa no TSE [Tribunal Superior Eleitoral] e que o processo de Cunha na Lava Jato seja investigado. Quero eleições diretas já”, disse o engenheiro aposentado Ronaldo Dantas.

 

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*Matéria ampliada às 16h45 para acréscimo de informações 

Edição: Luana Lourenço

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