Deputados da base aliada prometem votar contra projetos encaminhados por Temer

Publicado em 11/05/2016 - 18:42 Por Iolando Lourenço e Luciano Nascimento - Repórteres da Agência Brasil - Brasília

Diante do possível afastamento da presidenta Dilma Rousseff, que será definido hoje (11) no Senado, um grupo de deputados contrários ao impeachment realizou na tarde desta quarta-feira um ato no Salão Verde da Câmara dos Deputados para denunciar o “golpe contra a democracia”. Eles também prometeram votar contra projetos que venham ser encaminhados pelo vice-presidente da República, Michel Temer, caso ele assuma a Presidência interinamente.

 

Brasília - Deputado Paulo Pimenta fala à imprensa no Salão Verde da Câmara dos Deputados (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Para Paulo Pimenta, os deputados da base aliada não veem um eventual governo Temer como legítimoArquivo/Antonio Cruz/ Agência Brasil

O grupo formado por parlamentares do PT, PCdoB, PDT recebeu apoio do PSOL e de setores da Rede Sustentabilidade e de outros partidos. Segundo o vice-líder do governo Dilma, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), os deputados não veem um eventual governo Temer como legítimo. “O governo Temer não é legítimo e não reconheceremos nenhuma assinatura que venha dele”, afirmou Pimenta se referindo a posição contrária a possíveis projetos encaminhados por Temer à Câmara.

Os deputados argumentaram que Temer deverá propor iniciativas que retiram direitos sociais de trabalhadores. “Não queremos que o povo seja lesado mais uma vez com esse golpe. Eles querem fazer a entrega do pré-sal, acabar com as políticas sociais, direitos dos trabalhadores e com a política de aumento real do salário mínimo... mas vamos para as ruas denunciar”, emendou a deputada Benedita da Silva (PT-RJ).

Líder do PT, Afonso Florence (BA) disse que o partido adotará a obstrução como uma das estratégias para tentar barrar possíveis projetos de Temer. “O PT vai fazer obstrução, mas naqueles pontos de interesse do povo trabalhador”, adiantou Florence. “Michel Temer está executando o golpe que hoje está sendo votado. Portanto, o governo dele é ilegítimo e que não será reconhecido pelo PT e por amplas parcelas da sociedade brasileira, que está se opondo nas ruas contra o golpe que tenta retirar direitos das trabalhadoras”, acrescentou.

Impeachment

Os deputados entendem que as mobilizações contra o impeachment não se resumem ao PT. Segundo Pimenta, diferentes setores da sociedade também se posicionaram contra o afastamento de Dilma. “Além dos partidos políticos, esse movimento tem de ser entendido como uma nova forma de organização da sociedade e esse acúmulo da sociedade será fundamental para que possamos avançar no Brasil na defesa da democracia e contra esse golpe”, afirmou. “Nossa premissa é a defesa da democracia, do mandato da presidenta Dilma, que é válido até 31 de dezembro de 2018. Não reconheceremos nenhum governo fruto de um golpe, fruto de uma articulação ilegal como o governo Temer”, destacou o petista.

Com a provável mudança do PT para a oposição, Pimenta disse que na terça-feira (17) haverá uma reunião do Dretório Nacional com os diretórios estaduais para traçar as estratégias do partido nos próximos meses. A reunião deve contar com a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A presença de Dilma não foi confirmada.

* A matéria foi alterada às 19h20 para inclusão de novas informações.

Edição: Armando Cardoso

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