Dilma pavimentou "passo a passo" o caminho do impeachment, diz Jereissati

Publicado em 12/05/2016 - 03:06 Por Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Com críticas ao sistema político e ao presidencialismo de coalizão, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) defendeu hoje (12) a aprovação do parecer pela admissibilidade do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Para o tucano, apesar das falhas do atual modelo político brasileiro, Dilma “pavimentou passo a passo” o caminho que a está levando para o afastamento do governo.

Brasília - Plenário do Senado vota o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Na foto, o senador Tasso Jereissati (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O senador Tasso Jereissati  disse que o Congresso tem o dever de propor e aprovar mudanças no modelo políticoMarcelo Camargo/Agência Brasil

Também presente no impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, Jereissati disse haver um elemento comum entre os dois processos:  o “fracasso do modelo político”. “A atual crise, assim com a que levou ao impeachment do ex-presidente Collor, é resultado, entre outras razões, das imperfeições graves do nosso sistema político”.

O tucano considerou “constrangedor” votar, pela segunda vez em menos de um quarto de século, no impeachment de presidentes da República, contudo, enalteceu a solidez das instituições. Para Jereissati, finalizado o processo do impedimento de Dilma, o Congresso tem o dever de propor e aprovar mudanças no modelo político, a começar pela multiplicidade de partidos e o “anacrônico” sistema de eleição proporcional.

“Essa sistemática tem gerando, ao longo dos tempos, enormes e irremediáveis prejuízos ao nosso país. Para atender a esses interesses [dos partidos], o governo tem que recorrer à famigerada prática do ministério de porta fechada. Isso gera, inevitavelmente, a fragmentação e descontinuidade das políticas públicas”. 

Apesar de reconhecer as falhas dos sistemas políticos, Tasso Jereissati considerou que Dilma praticou atos que justificam o impeachment. “A constatação da realidade não exime de culpar a presidente da República. Ela conhece muito bem os meandros do sistema, assim como conhece seus personagens. Ninguém mais do que a presidente da República dispõe dos elementos para transformar o modelo. Dilma não apenas cedeu ao sistema, pior que isso, tirou beneficio dele, permitiu a continuidade dessa prática em troca de se manter no poder”, disse o tucano.

“O nosso dever, por mais doloroso que seja, é de julgar uma presidente da República que não cumpriu com seus deveres. Se é verdade que foi legitimamente eleita, é inegável que ela própria forneceu todos os motivos para ser legalmente impedida. Pavimentou, passo a passo, seu caminho até aqui”.

 

>> Acompanhe ao vivo sessão do Senado<<

Edição: Fábio Massalli

Últimas notícias
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, durante cerimônia de posse do diretor-geral da PF, na sede da corporação, em Brasília.
Justiça

AGU pede ao STF apuração de posts com divulgação de decisões de Moraes

O jornalista Michael Shellenberger divulgou na rede social X decisões sigilosas de Alexandre de Moraes. Para AGU, há suspeita de interferência no andamento dos processos e violação do sigilo dos documentos.