Parlamentares e populares chegam ao Planalto em ato de apoio a Dilma

Publicado em 12/05/2016 - 10:44 Por Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Brasília - Manifestantes começam a chegar à Praça dos Três poderes para acompanhar o pronunciamento da presidenta afastada Dilma Rousseff (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Um grupo de parlamentares governistas chegou às 9h40 ao Palácio do Planalto, em ato de apoio à presidenta Dilma Rousseff, após a aprovação, pelo Senado, da admissibilidade do processo de impeachment contra ela. Do lado de fora, começa a aumentar o público que foi ao local para manifestar também apoio à presidenta.

Assim que o grupo chegou ao palácio, houve uma pequena confusão entre os parlamentares, que estavam apressados, e a segurança do Planalto, em decorrência dos procedimentos de rotina para a entrada.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) lembrou que Dilma foi eleita com 54 milhões de votos. “O dia de hoje é triste para o Brasil porque o resultado da eleição não foi respeitado. Por um golpe parlamentar, ela está saindo no dia de hoje do Palácio do Planalto, mas não está resolvido o tema do mandato, já que haverá uma segunda votação”, disse ele. “Nós entendemos que a sociedade brasileira não aceitará. O governo Temer é antigo e velho, não traz nada de novo. Sua agenda nunca seria aprovada nas urnas do país”, acrescentou.

Teixeira e os demais parlamentares – entre eles Maria do Rosário (PT-RS) e Henrique Fontana (PT-RS) – disseram que a visita tinha como objetivo fazer “toda a simbologia ritual e constitucional”. “Mas vamos defender a democracia, a Constituição e o mandato dela até o fim. Estamos com ela porque foi eleita pelo povo brasileiro. Estamos também para resistir a essa agenda antipopular e que não teve nenhuma aprovação nas urnas”, acrescentou Teixeira.

A deputada Maria do Rosário reiterou as críticas que tem feito à forma como o processo de impeachment foi conduzido e, em vários momentos, questionou a legitimidade de Michel Temer como presidente em exercício do país.

“Não aceitamos um golpe, mesmo que seja dado dentro de um palácio, do Senado ou da Câmara dos Deputados. Nós consideramos que Michel Temer não é legítimo para assumir o governo da República. Um governo que não nasce do voto em nenhuma medida terá legitimidade. O que Temer busca é aplicar um projeto neoliberal; um projeto do mercado. Está de joelho diante da Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo] e dos interesses internacionais”.

“Temer já anuncia privatizações, já anuncia o fim de ministérios sociais. Nós não aceitaremos. Estamos mobilizados e o povo brasileiro vai se dar conta de que quem hoje deu um golpe na democracia e rasgou a Constuição, amanhã estará rasgando a CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] e o direito dos trabalhadores”, disse a deputada. “Quem lutou por esse povo ao longo de uma vida inteira, na ditadura, foi Dilma. E na democracia quem lutou foi o Lula”, afirmou a deputada.

Entre as pessoas que chegam à praça em frente ao Palácio do Planalto, para manifestar apoio à presidenta, está a servidora pública Lúcia Reis, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, teve a sorte de furar o bloqueio da segurança e entrar no palácio.

“Vim para participar da manifestação da praça, mas consegui me juntar a um grupo de jornalistas que tiveram acesso [até o espelho d'água e, depois, me juntei a um grupo que conseguiu entrar no palácio. Sinto-me sortuda por participar de um momento histórico, nesse lugar inusitado. Mas ao mesmo tempo acho lamentável para a história do nosso país esse processo de agressão à democracia brasileira. É golpe. Basta estar aberto para analisar a Constituição e ver. Um golpe questionável pela autoria do Eduardo Cunha e pela capitania de Michel Temer”, disse ela, ainda esperançosa de que, com uma mobilização da população, Dilma retorne ao cargo após o Senado julgá-la inocente.

Também presente ao ato de apoio a Dilma, a coordenadora nacional da União Brasileira de Mulheres, Lúcia Rincon, criticou a formação ministerial prevista para o governo Temer, pelo fato de não ter, no quadro, nenhuma mulher e nenhum negro.

“Isso não nos surpreende. Sabemos que as forças conservadoras farão de tudo para colocar o povo fora das políticas públicas e para acabar com o direito. Essa formação ministerial só vem confirmar isso”, disse ela à Agência Brasil.

 

Edição: Graça Adjuto

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