Paraná: resultado eleitoral favorece acordos de Richa para 2018, diz analista

Publicado em 31/10/2016 - 21:06 Por Mariana Jungmann - Repórter da Agência Brasil - Brasília

O resultado do segundo turno da eleição no Paraná mexeu no tabuleiro político no estado e nos casos de Curitiba, Ponta Grossa e Maringá favorece o governador do estado, Beto Richa (PSDB), na negociação de acordos para as próximas eleições gerais, em 2018. A avaliação é do professor de ciência política da Pontifícia Universidade Católica do estado Luiz Domingos Costa.

Na capital, Richa apoiou o candidato vencedor, Rafael Greca (PMN), que ressurgiu após alguns anos de ostracismo político, de acordo com o professor. Greca volta à prefeitura de Curitiba após 20 anos. “Com o Beto Richa desgastado [por causa da repressão a manifestações de professores no ano passado], nenhum candidato forte quis sair ao lado dele. E aí surgiu o Greca, que não tinha apoio. O Richa investiu nele, colocou a máquina a seu favor, e ele se firmou como um candidato que representa uma Curitiba do passado. Deu certo”, analisou o professor.

Em Ponta Grossa, o candidato vencedor foi Marcelo Rangel (PPS), ligado ao grupo político da família Barros, do ministro da Saúde, Ricardo Barros. Na avaliação de Costa, a vitória em Ponta Grossa, assim como em Londrina, dá força ao grupo, que é aliado de Richa na esfera estadual.

Por outro lado, a família Barros perdeu em Maringá, seu principal reduto político no estado. No município, o prefeito eleito foi Ulisses Maia (PDT), apoiado por outro cacife político no estado, o ex-deputado federal e atual secretário estadual Ratinho Júnior.

De acordo com o professor Luiz Costa, o equilíbrio de poder entre os dois grupos permitirá ao governador Beto Richa articular uma chapa única em 2018, evitando que seus dois principais aliados se dividam em campanhas opostas, o que poderia favorecer os adversários de centro-esquerda no estado.

“Essa iminência desse racha acontece porque o campo de lá – o PT e o PMDB [além de outros partidos como o PDT] – sai enfraquecido, então isso dá mais margem de barganha para esse grupo de centro-direita. Eles acabam acreditando que terão condições de ter cada um seu candidato. Só que agora, como o Beto Richa não foi um derrotado, ele tem condição de negociar a unidade desse grupo em torno de um candidato [a governador] em 2018.” Richa, que está no segundo mandato consecutivo, não pode ser candidato ao governo estadual novamente.

Vereadores

No Paraná, a relação dos novos prefeitos com as câmaras de vereadores não deverá ser um empecilho para os projetos políticos do Executivo, segundo Costa. Na avaliação do analista, a grande pulverização partidária favorece a cooptação de apoio dos vereadores pelos chefes das prefeituras.

“Acho que as dificuldades são pontuais e conjunturais. Por exemplo, num momento em que o prefeito tome medidas impopulares e a população se levante contra ele, os vereadores podem impor um veto a um projeto da prefeitura, por exemplo. Mas, de maneira geral, a relação é de submissão”, analisou.

Edição: Luana Lourenço

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