Senadores divergem sobre significado histórico da Lava Jato, que completa 3 anos

Publicado em 17/03/2017 - 20:20 Por Mariana Jungmann - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Brasília - Plenário aprova Projeto de Lei do Senado 200/2015, que acelera a liberação de pesquisas clínicas no Brasil (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Plenário do Senado FederalFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil


Na mesma semana em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, remeteu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a lista com nomes de 83 pessoas com foro privilegiado para serem investigadas, a Operação Lava Jato completou três anos. Entre os senadores, a avaliação a respeito do aniversário da operação foi diversificada. Para alguns, como o presidente nacional do Democratas, senador José Agripino Maia (RN), as investigações promovidas são “um marco” importante na história do país.

“A Lava Jato foi um marco em matéria de procedimentos e inibidora de comportamos inadequados”, afirmou à Agência Brasil. Na opinião dele, a operação colocou “um freio” em políticos que achavam que, ao estar no poder, podiam agir cometendo irregularidades.

Além disso, Agripino avalia que a Lava Jato, embora ainda não tenha chegado ao fim, já trouxe consequências. “A primeira é o fim do financiamento privado de campanha. Isso aí acabou. É a primeira grande consequência. Agora, o próximo passo é saber como vai se fazer campanha para que o eleitor conheça os candidatos e os partidos sem esse tipo de recurso”, pontua.

A campanha eleitoral de 2018 é considerada decisiva para saber se a operação de fato provocou mudanças profundas no país, na opinião da senadora Rose de Freitas (PMDB-ES). Uma da mais experientes parlamentares em atividade no Congresso, Rose não considera ser possível dizer ainda se a Lava Jato mudou o jeito de fazer política no país. Para ela, a pauta de reação que vem sendo levantada no Congresso, em especial a de anistiar a prática de Caixa 2, mostra que é cedo para dizer que as práticas mudaram.

“Só vai ser aferido se tivemos mudanças quando o povo votar e observarmos que tipo de político será escolhido. Só vamos saber se teve efeito se o Congresso Nacional e as assembleias que forem eleitos refletirem essa limpeza ética e novos paradigmas de comportamento da classe política – desde a retórica e os discursos, até às votações sobre as reformas que forem necessárias”, avalia.

Críticas

Na opinião da oposicionista Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), a Lava Jato foi importante para trazer à tona práticas que eram comuns, porém erradas. No entanto, ela acredita que aqueles que comandam a operação pecaram por praticarem atos excessivos e ilegais.

“Acho que a Lava Jato produz muita coisa boa, mas produz muita coisa que precisa ser corrigida imediatamente. Eu me recordo que, logo no começo, grande parte dos representantes políticos tentaram utilizar essa operação incentivando muito, aplaudindo inclusive atos não legais, excessivos. Sem saber que o feitiço, não demora, se volta contra o feiticeiro”, afirmou.

Outra questão que Vanessa levanta é o que ela chama de “seletividade”. “Esse não é o problema de um partido político, de uma liderança política, é o problema de um esquema político que funciona no Brasil. Então, que ela não criminalize A ou B, mas trate do problema como ele tem que ser tratado”, aponta.

Edição: Amanda Cieglinski

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