Aécio nega que tenha tentado frear Lava Jato

O tucano disse que os comentários sobre delegados foram feitos em uma

Publicado em 19/05/2017 - 18:42 Por Paulo Victor Chagas - Repórter da Agência Brasil - Brasília

O senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) negou que tenha tentado impedir os avanços da Operação Lava Jato, como afirmou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Por meio de nota à imprensa, Aécio  respondeu às acusações de Janot que constam da decisão do ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinando a abertura de inquérito contra ele e o presidente Michel Temer.

O parlamentar disse que fez os comentários sobre os delegados da Lava Jato em uma “conversa privada”, na qual o objetivo era opinar sobre a “demora da conclusão de alguns inquéritos”. Para Janot, a tentativa de impedir as investigações teria se dado por meio da escolha de delegados que conduziam os inquéritos.

De acordo com o comunicado, Aécio Neves já se pronunciou publicamente em apoio à Lava Jato e à Polícia Federal em “diversas oportunidades”. Sobre os diálogos que manteve com ministros do STF, ele disse que faz parte da “atividade parlamentar” o ato de manifestar posições sobre propostas legislativas, como foi o caso do projeto sobre abuso de autoridade. Segundo o comunicado, o senador afastado “participou intensamente” da retirada, no texto, do “chamado crime de hermenêutica”, com base nas sugestões feitas por Rodrigo Janot e pelo juiz federal Sérgio Moro.

“Aécio Neves jamais agiu ou conversou com quem quer que seja no sentido de criar qualquer tipo de empecilho à Operação Lava Jato ou à Polícia Federal, que sempre teve seu trabalho e autonomia apoiados pelo senador em suas agendas legislativas, e também como dirigente partidário”, afirmou a assessoria do senador afastado. Nesta quinta-feira (18), o ministro Fachin afastou Aécio Neves do mandado, mas negou o pedido de prisão preventiva contra ele feito pela Procuradoria-Geral da República.

Em depoimento de delação premiada homologado pelo STF, o dono do grupo JBS, Joesley Batista, disse que pagou R$ 2 milhões em propina a Aécio Neves este ano para que ele atuasse em favor da aprovação da lei de abuso de autoridade e anistia ao caixa 2 em campanhas eleitorais. Conforme o depoimento, o dinheiro foi entregue a um primo de Aécio, Frederico Pacheco de Medeiros, que foi preso na quinta-feira. A entrega foi registrada em vídeo pela PF, que rastreou o caminho do dinheiro e descobriu que o montante foi depositado em uma conta da empresa do senador Zezé Perrella (PMDB-MG).

A defesa de Aécio confirmou que o senador afastado pediu R$ 2 milhões a Joesley. Entretanto, segundo o advogado José Eduardo Alckmin, foi um pedido de empréstimo para custear a defesa do senador, que já era  investigado pela Lava Jato. De acordo com José Eduardo Alckmin, foi uma transação particular, que não teve relação com o cargo de senador. Em nota divulgada hoje, os advogados acrescentam que "foi proposta, em primeiro lugar, a venda ao executivo de um apartamento de propriedade da família. O delator propôs, entretanto, já atendendo aos interesses de sua delação, emprestar recursos lícitos".

"Não fosse a intenção do delator, única e exclusivamente, gravar as conversas em benefício próprio, teria essa transferência sido feita naturalmente e regularizada, através de contrato de mútuo, para que o acordo com os advogados pudesse ser concretizado posteriormente". A defesa acrescenta que o pedido de empréstimo foi feito sem a oferta de qualquer contrapartida "e sem qualquer ato, por parte do senador, que possa ser considerado ilegal".

*texto atualizado às 22h03 para inclusão de nova nota enviada pela defesa do senador afastado

Edição: Amanda Cieglinski

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