Futebol feminino: terminado o primeiro jogo, Itaquerão ainda recebe torcedores
Encerrada a primeira partida do futebol feminino na Arena Corinthians, o Itaquerão, os torcedores continuam a chegar ao estádio, onde, às 18h, vão se enfrentar as seleções do Zimbábue e da Alemanha. No primeiro jogo, o Canadá venceu a Austrália por 2 a 0. O maior movimento foi por volta das 15h, hora do início do jogo, quando as pessoas formaram filas para ser revistadas e passar os ingressos. Meia hora depois, o movimento se normalizou.
Não houve tumulto na entrada do estádio. Do lado de fora, alguns torcedores, frequentadores assíduos da arena, estranharam as filas. Sergio Rubio, de 55 anos, morador da zona leste, reclamou da movimentação para entrar na arena. “Está confuso. Vim a pé, lá de cima, e não tem abertura nenhuma [vários bloqueios foram montados ao redor da arena, o que limitou a entrada ao estádio]. Está muito ruim a logística do pessoal. Nos jogos normais, é muito mais rápida [a entrada]. A gente, como corintiano, é praticamente aberto. É mais rápido”, reclamou.
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Acostumado aos jogos no Itaquerão, o empresário Henrique Manfio, de 40 anos, disse que este ano não perdeu nenhuma partida ali. O empresário, também corintiano, estranhou um pouco a entrada na arena. “Está confuso, porque normalmente a gente distribui a entrada da galera e fica mais fácil entrar, mesmo com o Corinthians tendo a maior torcida [de São Paulo]. Hoje, por causa do horário, e da galera ter chegado no mesmo horário, deve estar difícil fazer a averiguação”, ressaltou.
Manfio achou um pouco frio o clima entre os torcedores, antes da partida. “O clima está um pouco frio. Em um momento como este, teria muita gente gritando: 'C:orinthians', há muito tempo”, brincou. Ele pretende ir ao Rio de Janeiro para assistir à abertura dos Jogos, na sexta-feira (5), e acompanhar a disputa no judô e em outras modalidades.
Do lado de fora da Arena Corinthians, houve pouco barulho e poucas fantasias, como ocorreu durante a Copa do Mundo, no mesmo local. A quase totalidade dos torcedores que chegou à arena hoje era formada por brasileiros, alguns deles vestindo as camisas das seleções que se enfrentariam no Itaquerão. Um dos poucos estrangeiros presentes ao estádio era o peruano Eder Torres, de 31 anos, que vive no Brasil há dois ano e meio e faz mestrado e doutorado, em Campinas, interior de São Paulo.
Acompanhado de amigos peruanos, ele afirmou que os Jogos Olímpicos são um “evento esportivo muito importante”. “É uma oportunidade de brindar com todo o país, promover o esporte, integrar as pessoas. A gente vem com essa ideia de viver a Olimpíada aqui. Estamos muito contentes”, disse Torres, que também pretende ir ao Rio de Janeiro para assistir a algumas partidas.
A dona de casa Sueli Belila Garcia, de 67 anos, foi ao estádio pela primeira vez. Ela e o marido deixaram o carro na Estação Tatuapé e pegaram o metrô para chegar até lá. Segundo Sueli, a chegada ao local foi muito tranquila, sem problemas. “Estou adorando isso aqui”, contou ela, rindo. “Sou a favor e estou muito feliz [com os Jogos Olímpicos no Brasil].”
Com camisa do Brasil e usando tiara colorida, Bruna Silveira, de 28 anos, foi ao estádio acompanhada pela irmã, filho e sobrinhos. “Todo mundo junto e todo mundo enfeitado. É a primeira vez que venho aqui”, disse ela. “Estou achando superlegal [a olimpíada no Brasil]. É a primeira vez que vou participar e quero vir sempre”, afirmou Sueli, elogiando clima festivo na chegada ao estádio. “Isso é a cara do Brasil.”
Pela primeira vez na arena, a dona de casa Ednalda Pereira da Silva, de 65 anos, chegou ao estádio com as unhas pintadas nas cores da bandeira brasileira e com uma camisa amarela. “Estou gostando da Olimpíada no Brasil. Adoro esporte. Então, serão madrugadas acordada”, disse ela.
Movimento tranquilo
A movimentação do lado de fora da arena era tranquila. Um policial que faz o patrulhamento no local informou à Agência Brasil que não foram houve, até as 16h, ocorrências graves.
A reportagem notou apenas que, no primeiro bloqueio policial, alguns metros antes da entrada ao estádio, torcedores foram impedidos de entrar porque estavam com mochilas. A saída foi retirar as coisas e jogar fora ou doar a mochila. A psicóloga Claudia Greco, de 48 anos, que foi à arena pela primeira vez com o filho, enfrentou esse problema. Ela retirou as coisas da mochila, colocou-as em um saquinho e deu a mochila para uma gari.
“Ele [policial] disse que não podíamos entrar com mochila. Não sabia dessa informação. Vou dar a mochila para essa senhora simpática, e que ela faça bom uso. Tinha um casaco e um sanduíche [dentro da mochila], e isso vamos pegar [colocar em um saquinho e entrar]”. A gari agradeceu o presente. “Foi muito bom ganhar a mochila. Será que eles [da organização] avisaram antes [que não podia entrar com mochila]? Coitado desse pessoal”, questionou a gari, que se identificou apenas como Cleide.
No entanto, a reportagem da Agência Brasil encontrou um guichê na Estação Itaquera, a mais próxima do estádio, onde um pessoal prometia guardar as mochilas até as 22h, cobrando R$ 10. Indagados pela reportagem se este era um serviço oferecido pelo Metrô ou pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, os responsáveis pela guarda dos objetos negaram e disseram apenas que era pela "faculdade", embora não tenham identificado qual.
A catadora de material reciclado Sonia Maria Mesquita, de 61 anos, ficou em frente ao primeiro bloqueio policial para tentar recolher as latinhas descartadas por torcedores. Aos que passavam, ela dizia: “deixem a latinha aqui porque não pode entrar com ela”. “Estou esperando as latinhas. Onde tem público, tem latinha. E a gente ganha nisso aí”, disse Sonia, rindo. Pouco depois, ela foi avisada pelos policiais que não poderia ficar parada ali, perto do bloqueio.
Sonia afirmou que gosta dos jogos, principalmente porque consegue faturar um pouco mais. “Eu tenho netos para criar, os filhos que já criei e também preciso comer. O importante é não roubar e não mexer nas coisas dos outros. Isso aqui eles jogam, eu levo no ferro velho e ganho o meu dinheiro.”