Especialistas recomendam vacinas contra doenças mais comuns no inverno

Imunizantes podem ser encontrados no SUS e em clínicas privadas

Publicado em 21/06/2021 - 14:37 Por Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O efeito do clima frio e seco nas mucosas do sistema respiratório e a convivência em ambientes mais fechados estão entre as razões que fazem do inverno um período mais propício para doenças de transmissão respiratória. Além de se agasalhar, usar máscara e redobrar os cuidados de higiene, especialistas ouvidos pela Agência Brasil recomendam vacinas já disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) e em clínicas privadas para reforçar as defesas do organismo.

A lista de enfermidades que se propagam na estação mais fria do ano vai desde as tradicionais gripes, causadas pelo vírus Influenza, até a covid-19, contra a qual todo o grupo de risco já pode se vacinar. Há ainda as infecções bacterianas, que causam doenças como a meningite e a pneumonia.

Influenza

As vacinas contra o vírus Influenza estão disponíveis no SUS e em clínicas privadas. Na rede pública, a vacina protege contra três tipos do vírus: duas cepas do tipo A e um dos tipos de Influenza B. Já na rede privada, a vacina é quadrivalente, por proteger também contra um segundo tipo B do Influenza.

Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a vacina contra a gripe é recomendada para toda pessoa a partir de 6 meses de vida, principalmente aquelas de maior risco para infecções respiratórias, que podem ter complicações e a forma grave da doença. No SUS, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe está na terceira etapa, com foco em nove públicos-alvos.

Nas duas primeiras etapas da campanha nacional, foram vacinados pessoas acima dos 60 anos de idade, professores, crianças de seis meses a menores de 6 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias); gestantes e puérperas (até 45 dias após o parto); povos indígenas e trabalhadores da saúde. As pessoas que ainda não se vacinaram podem ir a um posto de saúde.

Covid-19

Como a campanha de vacinação contra a gripe ocorre ao mesmo tempo que a imunização contra a covid-19, a orientação do Ministério da Saúde é priorizar a vacina contra a covid-19 e só receber a dose do imunizante contra o Influenza 14 dias depois de vacinado contra a covid-19.

A diretora da Regional Espírito Santo da SBIm, Ana Paula Burian, lembra que tanto a gripe quanto a covid-19 são mais facilmente transmitidas em ambientes fechados e sem o uso de máscara. Sobre a covid-19, ela destaca que as medidas de prevenção não podem ser suspensas com a vacinação.

"O CDC [Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos] recomenda quatro passos para evitar a covid-19: uso de máscara, distanciamento, hábitos de higiene e vacina. Um único mecanismo desses não é suficiente para proteger ninguém contra a covid", alerta. "É importante que, tomando ou não a vacina, e o ideal é que todos tomem as duas doses, mantenha o uso de máscara, o distanciamento social e a higiene das mãos".

A diretora da SBIm explica que, como o mundo vive uma pandemia, não é possível atribuir uma sazonalidade à covid-19, já que sua incidência se dá em todos os locais e em todas as épocas do ano. Mesmo assim, o agravamento da pandemia no último inverno do Hemisfério Norte e os hábitos da população diante do frio preocupam e requerem uma vacinação mais rápida e com ampla adesão da população.

"Em lugares muito frios, as pessoas tendem a se reunir em ambientes pequenos e fechados para se aquecer e acabam se alimentando nesse ambiente. Se eu estou em um restaurante em que todo mundo tira a máscara, e está tudo fechado porque está frio, a chance de disseminar a doença ali é maior", disse.

Meningite e pneumonia

Ambientes fechados também podem facilitar a circulação de bactérias que causam doenças graves como a meningite e a pneumonia. Infectologista e gerente médica de vacinas da GSK, Lessandra Michelin explica que, além do comportamento das pessoas no frio, o próprio clima facilita a disseminação das doenças respiratórias.

"Quando a gente se expõe ao ar frio, muitas vezes a nossa mucosa fica seca, fica mais machucada e fica mais propensa à infecção", destaca a infectologista, que defende a combinação da vacinação com hábitos saudáveis para uma proteção completa. "Estar bem agasalhado, bem hidratado e bem alimentado nessa época de frio também ajuda a prevenir infecção", recomenda.

No caso das pneumonias e meningites, o calendário de vacinação da criança do Programa Nacional de Imunizações prevê a vacina Pneumocócica 10 valente, que, segundo a SBIm, previne cerca de 70% das doenças graves (pneumonia, meningite, otite) causadas por dez sorotipos de pneumococos. Já a vacina pneumocócica conjugada 13-valente, que previne contra 13 sorotipos da bactéria, pode ser encontrada nos Centro de Referências para Imunobiológicos Especiais (Crie), para pacientes com condições específicas de saúde, e em serviços privados de vacinação. Há ainda a vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente, para crianças, adolescentes e adultos de grupos de risco para doença pneumocócica e para pessoas com mais de 60 anos de idade.

Outra doença bacteriana de transmissão respiratória que pode ser prevenida com vacinas é a coqueluche. A imunização contra a doença é feita pela vacina dTpa, que protege também contra o tétano e a difteria. O imunizante pode ser encontrado em clínicas privadas e, no SUS, está disponível para gestantes, puérperas e profissionais de saúde que atuam em maternidades e serviços de atendimento a recém-nascidos.

"Vacina não é só para criança, é um programa de família. Todo mundo pode ser protegido, a criança, o bebê, o adolescente, adultos, idosos, gestantes", disse Lessandra Michelin, acrescentando que dúvidas em relação a quais vacinas tomar também podem ser tiradas em consultas médicas. "O médico vai revisar quais são as vacinas recomendadas para a faixa etária e vai indicar".

Edição: Fernando Fraga

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