Exposição apresenta olhar português sobre colônias do Brasil e da África

Publicado em 24/01/2014 - 21:16 Por Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil - São Paulo

Lunetas, mapas, documentos e outras peças raras formam a exposição Da Cartografia do Poder aos Itinerários do Saber. Parte das comemorações do aniversário de dez anos do Museu Afro Brasil, a mostra apresenta a construção do conhecimento científico português em relação aos povos e territórios das colônias no Brasil e na África. Os objetos, grande parte vindos do acervo da centenária Faculdade de Ciências de Coimbra, podem ser vistos na Oca do Parque Ibirapuera, zona sul paulistana.

As peças mais antigas são do século 18, época da refundação da Universidade de Coimbra, na era do Marques de Pombal. Do acervo da instituição portuguesa estão expostos instrumentos de navegação, como astrolábios, lunetas, cartas geográficas e mapas feitos pelo engenheiro italiano Miguel Ciera. Além disso, há uma ala da mostra dedicada a objetos etnográficos recolhidos de diversos povos africanos da região onde atualmente está Angola.

Ao lado da coleção histórica estão obras de artistas contemporâneos que trazem novas possibilidades de interpretação sobre o passado. “Produz uma abordagem no sentido de desconstruir os fatos históricos. São autorias que utilizam muito a ideia do objeto museológico. São propostas de releitura dessas peças”, ressalta um dos curadores da exposição, Paulo Amaral, ao se referir ao trabalho do artista João Pedro Vale.

A produção contemporânea tem diversas origens, foram selecionados criadores brasileiros, europeus e africanos.  “Artistas contemporâneos, como Guilherme Mampuya, Joan Fontcuberta e Yonamine, que reinterpretam toda essa documentação por meio de propostas que incluem a produção etnográfica contemporânea e a iconografia colonial”, acrescenta o curador sobre outros trabalhos presentes na mostra.

Amaral explica ainda que a exposição é pensada para que o visitante explore o espaço por conta própria, sem roteiros pré-definidos. “A exposição não pretende exigir itinerários, nem tampouco leituras estáveis. Pretende que o visitante construa a sua própria narrativa e o próprio percurso a partir das obras”.

Edição: Graça Adjuto

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