Projeto ocupa espaço cultural da Funarte com nova proposta de teatro engajado

Publicado em 07/07/2015 - 23:39 Por Paulo Virgílio - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro


Um teatro que coloque o Brasil no centro do palco e discuta questões da nossa sociedade é a proposta do projeto Grandes Minorias, que ocupa nos próximos três meses o Teatro Glauce Rocha, um dos espaços culturais da Fundação Nacional de Artes (Funarte) no centro do Rio de Janeiro. A ocupação terá montagens inéditas e premiadas, com um total de sete peças voltadas para os públicos adulto e infantil, e manterá durante o período uma oficina permanente de dramaturgia.

Sob a ótica dos diversos grupos minoritários da sociedade brasileira, a programação traz um leque de espetáculos que tratam de temas como o racismo, a violência e a diversidade cultural, em gêneros variados: drama, comédia, musical e performance. Os espetáculos têm em comum a abordagem da realidade vivida no cotidiano da cidade e do país.

Idealizadora do projeto, a dramaturga Marcia Zanelatto defende a retomada do papel que o teatro já exerceu de discussão da sociedade brasileira. “Depois da ditadura, por algum motivo que ainda não consigo entender, a discussão sobre o Brasil foi banida do palco. Quem tentava falar sobre o Brasil era tachado de estar fazendo um teatro panfletário”, comenta.

Ela destaca que o teatro engajado enchia as casas de espetáculos, mesmo durante a ditadura. “As sessões - que eram de segunda a segunda, com vesperais aos sábados e domingos - viviam lotadas. E não existiam editais e Lei Rouanet. Quem carregava o teatro era o público”, lembra.

A programação de Grandes Minorias traz duas peças inéditas de Marcia Zanelatto, ganhadora no ano passado da categoria de melhor autor do Prêmio APTR, concedido pela Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro. Hipnose, uma tragicomédia carioca, tem como pano de fundo a questão prisional, ao contar a história de um golpe de falso sequestro que coloca frente a frente representantes de classes sociais distintas.

A peça inaugura a Vil Cia de Teatro, formada pelo diretor Renato Carrera e por atores que em 2013 realizaram uma premiada montagem de Vestido de Noiva, o clássico de Nelson Rodrigues. A outra peça de Zanelatto é Eles não usam tênis naique, com a diretora e antropóloga Isabel Penoni à frente da Cia Marginal, sediada no Complexo da Maré.

O espetáculo traz os conflitos entre um pai e uma filha, duas gerações do tráfico de drogas no Rio. O texto foi a única peça de teatro vencedora do concurso literário Sexualidade, Violência e Justiça nas Comunidades Populares, realizado pela organização não governamental Observatório de Favelas.

A abertura do projeto será na próxima quinta-feira (9), às 19h, com o espetáculo Exercício sobre Medeia, da companhia Piauhy Estúdio das Artes, de Teresina (PI). A peça, que fica em cartaz até domingo (12), aborda a temática da mulher.

Ainda este mês, será encenado o musical Deixa clarear, uma homenagem à cantora Clara Nunes (1942-1983). Visto por mais de 50 mil pessoas nos últimos dois anos, o espetáculo faz um passeio pelas canções que marcaram a carreira da artista, muito identificada com o trabalhador e os orixás.

Os ingressos para os espetáculos do projeto Grandes Minorias custam R$ 20 a inteira e R$ 10 a meia- entrada. As peças infantis têm entrada franca. O Teatro Glauce Rocha fica na Avenida Rio Branco, 176, no centro do Rio.

A programação completa do projeto está disponível no site www.funarte.gov.br .


Fonte: Projeto ocupa espaço cultural da Funarte com nova proposta de teatro engajado

Edição: Jorge Wamburg

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