No Rio, bloco infantil contagia pais e filhos que brincam o carnaval de rua
Pula-pula instalado na praça, bexigas de gás e muita bolinha de sabão indicam que a folia no bloco infantil Largo do Machadinho, mas Não Largo do Suquinho será para a tarde toda. Com a previsão de reunir mais de 1 mil pessoas hoje (8) no Largo do Machado, na zona sul do Rio de Janeiro, o bloco contagia famílias que trazem crianças de todas idades para brincar o carnaval de rua.
O Largo do Machadinho é uma ramificação do tradicional Largo do Machado, mas Não Largo do Copo, organizado para adultos pela educadora Carla Wendling. Há seis anos, ela constatou a inexistência de espaços para os pequenos caírem na folia de momo com tranquilidade.
"Na minha época tinha os clubes, eu brincava, meu pai me levava. Levava até para os desfiles na [Avenida] Rio Branco. Hoje não tem mais esses espaços para crianças, infelizmente", constatou Carla, que trabalha com educação infantil. Para ela, o carnaval tem a chance de mexer com o imaginário dos menores e deve ocupar as ruas. "É para isso as fantasias e as marchinhas".
A responsabilidade de adequar o repertório de carnaval à criançada ficou com o Projeto Villa Lobos e as Crianças, que por meio da Orquestra Popular Tuhu (apelido de infância do maestro, que gostava do barulho do trem) reúne trompetistas, saxofonistas e flautistas mirins de talento e é parceiro do bloco. Eles tocam temas infantis clássicos como Pintinho Amarelinho, mas incluem novidades como a canção do filme Frozen, que fez sucesso entre o público infantojuvenil.
Pela primeira vez pulando carnaval, Beatriz dos Santos Vieira, 7 anos, se diverte com as irmãs e primas. Joga confete, canta um pouquinho e dança rodando sua fantasia de princesa. Ela mora no Méier, na zona norte, e disse que acha o bloquinho divertido.
"Tem pessoas dançando, brincando, jogando espuma no cabelo dos outros, molhando as roupas dos outros", disse, provocando as irmãs menores. "Eu estou gostando, nunca pulei carnaval, é muito bom e engraçado", completou a menina.
Caracterizado de Homem-Aranha, Rodrigo Távora Coelho, 10 anos, participa, pela primeira vez, de um bloco de carnaval. Como a família viajava nos anos anteriores, o menino não tinha tido a chance de participar da festa no largo, que começa a se tornar ponto de encontro das crianças do bairro.
"Estou achando bem legal, por causa das fantasias e do confete. Trouxe três sacos para jogar", disse. Até agora, ele reconheceu uma música, o tema da Galinha Pintadinha, mas está gostando. "É bem melhor do que bloco de adulto e tem outras crianças", disse.
Pais de crianças menores parecem se divertir tanto quanto os filhos. Ensinam a jogar serpentina, se sujam de espuma e estão tão fantasiados quanto as crianças. O diferencial é o repertório na ponta língua, que cantam sem parar. Fantasiadas de Minnie Mouse, mãe e filha curtem o bloco. A turista paulista Lívia Graciano, 37 anos, mãe de Alice Graciano Souza Lima, de 1 ano e 3 meses, torce para que a pequena goste da folia.
"Minha sogra é daqui, gosta muito, escolheu a fantasia e nós viemos. Minha filha está amando. Daqui a pouco vou levar mais perto da banda para sambar, ela adora dançar", contou.
Tocando cavaquinho no bloco nos últimos anos, o jovem de 26 anos Arnaldo Tavares Junior, da Orquestra Tuhu, que começou a tocar aos 14 anos, vê uma oportunidade de se divertir e de praticar. Ele gosta do clima e da descontração do público.
A festa no Largo do Machado, sob calor e sol forte, deve seguir até as 14h. A dica da organização para que a brincadeira se estenda é se refugiar entre as árvores do bairro.
Bloco infantil contagia pais e filhos no carnaval do Rio