Mostra de performance reúne obras críticas ao atual momento político

Publicado em 24/07/2016 - 09:02 Por Camila Boehm - Repórter da Agência Brasil - São Paulo

A ação Nada e Quase Nada, de Dias&Riedweg, integra a programação da Arte e Verbo

A ação Nada e Quase Nada, de Dias&Riedweg, integra a programação da Arte e Verbo Ana Alexandrino

A 12ª edição da mostra de performance Arte Verbo começa na próxima terça-feira (26), na Galeria Vermelho, na capital paulista, com apresentações críticas e de resistência ao atual momento político do país. Durante quatro dias, o espaço será ocupado por 15 ações de artistas e coletivos brasileiros e estrangeiros, selecionados entre mais de 180 projetos.

“Nessa edição, identificamos que, por conta de tudo o que está acontecendo no mundo, nas ruas e no Brasil, muitos dos trabalhos tinham conteúdo político bastante intenso. Uma característica desse tipo de crítica que apareceu nesses projetos é uma forma de 'não movimento', uma forma de reação política ao que está acontecendo atualmente, ou seja, o artista que deixa de produzir, que deixa de realizar um objeto”, disse o diretor artístico da mostra, Marcos Gallon.

A programação também inclui a mostra de vídeos Screening & Live Action: French Scene/VERBO 2016, organizada pela curadora francesa Agnès Violeau, a partir de dois acervos franceses: o Centro Nacional de Artes Plásticas (CNAP) e o Centro Nacional de Dança (CND). “A característica de uma crítica política ao sistema aparece não só no recorte curatorial das ações ao vivo, mas também nessa mostra de filmes e vídeos que acompanha a edição de 2016”, acrescentou Gallon.

A performance Zona de segurança pessoal, de Enrique Jezik, também poderá ser vista na mostra

A performance Zona de segurança pessoal, de Enrique Jezik, também poderá ser vista na mostra Divulgação

A grande dificuldade ao selecionar os projetos para a mostra, segundo o diretor, foi buscar aqueles que se aproximassem da intensidade do que vem acontecendo nas ruas, nas manifestações populares em resposta à política. “Foi bastante difícil fazer a seleção porque o cotidiano no Brasil atualmente é bastante intenso quanto à questão do quanto somos bombardeados diariamente com imagens e notícias”.

Segundo Gallon, algumas das manifestações incorporaram estratégias das artes cênicas. “Teve uma, que circulou muito na internet, que eram estudantes deitados no Congresso, cobertos com plásticos pretos e a Constituição, como se a Constituição estivesse para ser enterrada. Essas ações incorporam estratégias espaciais das artes cênicas, de ocupação de espaço, de figurino, de elementos de cena.”

Entre os selecionados, estão representantes do chamado “não movimento” como forma de crítica. “Não são artistas parados. Tem uma ação de uma artista espanhola chamada Dora Garcia, O artista sem obras: uma visita guiada no nada, em que dois artistas caminham por uma exposição que está vazia, em que não existe obra, então é uma posição política do artista que diz 'eu não vou mais produzir diante dessa situação. Eu deixo de criar objetos que alimentem o sistema'. Esse trabalho é bastante simbólico dentro desse recorte curatorial que foi feito neste ano”, disse o diretor artístico.

A mostra tem entrada gratuita. A exposição fica na Galeria Vermelho, na Rua Minas Gerais, 350, de 26 até 29 de julho.

Edição: Luana Lourenço

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