Antigo Caje é demolido no Distrito Federal

Publicado em 29/03/2014 - 17:39 Por Andreia Verdélio - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Brasília - Operando uma retroescavadeira, o governador do DF, Agnelo Queiroz, inicia a demolição do antigo Caje (Jose Cruz/Agência Brasil)

Operando uma retroescavadeira, o governador do DF, Agnelo Queiroz, inicia a demolição do antigo CajeJose Cruz/Agência Brasil

Entulho, além de concreto e ferro, é o que sobrou da Unidade de Internação do Plano Piloto (Uipp), o antigo Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje), demolido na manhã de hoje (29).

A unidade de internação para adolescentes infratores apresentava histórico de rebeliões, superlotação e situações de insalubridade que fez com que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) recomendasse, por duas vezes, em 2010 e 2013, o fechamento da unidade.

Os adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas no local foram levados para outras unidades de internação do Distrito Federal: serão realocados de acordo com a faixa etária e perfil da medida a ser cumprida, conforme determina o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase).

Segundo o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, há sete unidades com metodologia pedagógica que apostam na ressocialização. “Com isso, estamos possibilitando que eles possam estudar, aprender uma profissão, se reintegrar, é isso que a sociedade paga para o estado fazer”, disse o governador.

Para Agnelo, entretanto, sempre vai haver risco de rebeliões. “Estamos tratando com menores infratores, mas esse novo modelo reduz muito esse risco. Aqui [no Caje] se colocava um adolescente de 13 com outro de 17, um que cometeu homicídio com outro que cometeu um roubo. Lá, eles voltam para a cela na hora de dormir, tem separação de áreas, e aqueles em semiliberdade e com mais de 18 anos ficarão em unidades separadas”, disse o governador.

O prédio do Caje, inaugurado em 1976, tinha capacidade para 162 socioeducandos, mas chegou a contar com 470, no início de 2013, segundo a Secretaria da Criança do Distrito Federal. As setes unidades atuais podem abrigar, em média, até 140 adolescentes. Para o governador Agnelo Queiroz, esse aumento no número de vagas e a ação conjunta com a Poder Judiciário vão impedir a superlotação do sistema socieducativo, que conta hoje com 893 jovens cumprindo medidas.

Trinta mortes de adolescentes e duas mortes de servidores foram registradas nos 38 anos de funcionamento da instituição. A secretária da Criança, Rejane Pitanga, dedicou a demolição do Caje a essas pessoas. “Essa demolição simboliza uma ruptura definitiva com um modelo ultrapassado e que retirava dos jovens qualquer oportunidade de mudança de suas trajetórias de vida. Vamos deixar para trás esse triste histórico marcado pela violência, opressão, mortes e omissão estatal. Vamos passar por um processo de transição, mas temos certeza que, em médio e longo prazo, vamos mudar esses indicadores negativos com relação ao cometimento de atos infracionais”.

A retirada do entulho do local onde estava o Caje e que pertence ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal será feita durante a semana. Segundo o governador Agnelo Queiroz o projeto é construir uma praça da juventude, para recreação e atividades culturais.

Edição: José Romildo

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