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Direitos Humanos

Prefeitura do Rio deve fechar acordo para reurbanização da Vila Autódromo

Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 28/03/2016 - 19:59
Rio de Janeiro
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Após pelo menos três anos de disputa e negociação e com 95% da comunidade demolida, os moradores remanescentes da Vila Autódromo, que fica ao lado do Parque Olímpico da Barra, na zona oeste da cidade, tiveram hoje (28) uma reunião com o prefeito Eduardo Paes, na qual foi apresentado o projeto de reurbanização para o local. O encontro foi na sede da prefeitura na Cidade Nova, centro do Rio.

Atualmente, cerca de 30 famílias permanecem na Vila Autódromo. Segundo a prefeitura, em 2013, eram 824 famílias, mas os moradores e representantes de movimentos sociais que apoiam a permanência da comunidade falam em cerca de 600.

Após a reunião, que durou uma hora e meia, a doméstica Maria da Penha Macena, moradora da Vila Autódromo há 23 anos, que teve a casa demolida no começo do mês, se disse satisfeita com a proposta e com a promessa de adequar alguns pontos.

“Eu acho que [a reunião] foi boa, porque o diálogo foi bem aberto, com todos os moradores. Era isso que nós queríamos, que ele falasse com todos e ouvisse todos que quisessem falar. Conhecemos o projeto, falamos das nossas vontades também, ele nos ouviu, tanto ele quanto o pessoal técnico", afirmou Maria da Penha. O próximo passo é chegar a um acordo, disse ela. "Não vai ser tudo que a gente quer, nem tudo que ele quer, mas a gente vai chegar a um consenso bom. Eu acho que hoje já teve esse consenso”.

Maria da Penha informou que, a partir de amanhã, técnicos da prefeitura irão à Vila Autódromo para discutir os detalhes finais do projeto. “Não posso falar por todos, mas estou satisfeita, porque nisso tudo a melhor parte é poder ficar dentro da minha comunidade. É o que eu sempre quis, nunca consegui me ver saindo de dentro da comunidade. Estamos chegando ao final e eu acredito que é com uma vitória."

A 500 dias das Olimpíadas de 2016, moradores da Vila Autódromo, em Jacarepaguá, reclamam de perda de qualidade de vida e incertezas sobre o futuro com as obras para as Olímpiadas (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Segundo a prefeitura, cerca de 30 famílias ainda vivem na Vila AutódromoArquivo/Agência Brasil

A acupunturista Sandra Maria de Souza, que vive no local há 25 anos, disse que as mudanças solicitadas devem ser formalizadas pela prefeitura em documento até sexta-feira, para depois as obras começarem em até 15 dias e terminarem em três meses, conforme promessa do prefeito.

“Se ele fizer tudo o que falou, se cumprir o que combinou, eu fico satisfeita. Agora, é questão de cumprir o acordado. Ele disse que vai fazer um documento até sexta-feira, colocar tudo que nós acordamos no documento e aí, sim, vamos assinar esse documento com a presença da nossa advogada, da Defensoria Pública”, afirmou Sandra.

Sobre as mudanças no projeto, ela diz que o prefeito também se comprometeu com os pedidos. “Discutimos algumas coisas do projeto, pedimos algumas modificações, ele concordou. Por exemplo, passar um muro entre as casas, porque nós não queremos casas coladas, queremos casas separadas com muro. E ele se comprometeu a aumentar um pouco o tamanho do terreno também. Pedimos um terreno para a associação de moradores e um centro cultural, que pode ser até junto, porque nós temos muitas atividades culturais na Vila Autódromo e queremos continuar.”

Sandra acrescentou que serão feitos galpões provisórios para abrigar as famílias que precisarem sair de suas casas durante as obras, mas ressaltou que são poucas nessa situação. A prefeitura confirma que o termo de adesão dos moradores ao projeto dever ser formalizado e apresentado a eles nos próximos dias.