Manifestantes pedem prisão de mandantes da morte de Marielle

A vereadora e o motorista Anderson Gomes foram mortos há um ano

Publicado em 14/03/2019 - 20:02 Por Vladimir Platonow e Cristina Indio do Brasil - Repórteres da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Um ato na Cinelândia, nesta quinta-feira (14), reuniu centenas de pessoas para lembrar um ano da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

A irmã de Marielle, Anielle Franco, participou do ato. Ela subiu ao palco e agradeceu as manifestações de apoio e carinho que a família vem recebendo. Para ela, o crime será totalmente elucidado.

"A gente não teme [que o caso caia no esquecimento], pelas pessoas que estão à frente. Eu perguntei às promotoras o que ia acontecer, e elas responderam que era para ter calma, pois muito mais coisas iam ser descobertas. Tem um mandante aí. E a gente precisa saber quem foi. As investigações não podem parar. Não vão parar. E eu espero que puxem, até que quem está lá em cima caia", disse Anielle. A Justiça converteu hoje em prisões preventivas as prisões em flagrante de Elcio Vieira de Queiroz, Ronnie Lessa e Alexandre Mota.

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Manifestação marca um ano do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes - Reuters/Ricardo Moraes/Direitos Reservados

Queiroz e Lessa foram presos preventivamente na última terça-feira (12) sob suspeita de serem os assassinos da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, além de terem cometido tentativa de homicídio contra a assessora Fernanda Chavez, que estava no carro e sobreviveu aos disparos, realizados há exatamente um ano.  

O Movimento Rio de Paz, que promove manifestações em defesa da vida e pelos direitos humanos, montou uma cela no local do ato para cobrar a prisão dos mandantes dos crimes.

"Nós recebemos uma resposta parcial, depois de um ano de pressão da sociedade. E os poderosos? E os interesses políticos que estão por trás desse crime? Nós temos que conhecer a mente perversa que está por trás", disse Antônio Carlos Costa, fundador do Rio de Paz.

Segundo autoridades, a segunda etapa da investigação vai se concentrar na descoberta dos mandantes.

Alerj

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) fez hoje sua primeira reunião. Antes de ser eleita vereadora, Marielle era assessora do então deputado estadual, Marcelo Freixo (PSOL), que integrava a comissão.

“A nossa condução é de fato para dar continuidade ao trabalho que a Marielle iniciou na comissão junto com o Freixo e ampliar esse trabalho. A gente está construindo um processo participativo e coletivo para pensar a agenda política da comissão”, disse a deputada Renata Souza, que preside a comissão e foi chefe de gabinete de Marielle, na Câmara dos Vereadores do Rio.

Na primeira reunião, foram aprovadas duas audiências: uma sobre operações policiais em favelas e outra sobre chacinas na Baixada Fluminense. “Isso é sim dar continuidade ao trabalho que a Marielle iniciou na Comissão de Direitos Humanos”.

Reunião da Comissão de Direitos Humanos da Alerj.
Comissão de Direitos Humanos da Alerj faz sua primeira reunião no dia em que completa um ano da morte de Marielle Franco. Na foto, a presidente da comissão, deputada Renata Souza - Caio Oliveira/Direitos Reservados

Para a parlamentar, as prisões do policial militar reformado Ronnie Lessa, apontado como o atirador, e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, que dirigia o carro de onde partiram os tiros, renovam a esperança na elucidação do crime, mas se mostrou preocupada com o “discurso fácil” de que os dois teriam participado do atentado por crime de ódio.

“Esse discurso não corresponde ao que a própria investigação mostrou de que foram três meses de muita aplicação e muita organização para cometer este crime. Então, sem dúvida é trazer um debate que prejudica a continuação das investigações. Não foi um crime de ódio, não foi um crime de repulsa [a Marielle e à atuação política dela]. Teve um mandante porque foi muito organizado. Sem dúvida a gente precisa continuar pressionando para que as respostas cheguem de fato. A população exige, porque afinal a gente vive em um Estado Democrático de Direito e um crime contra uma vereadora é sem dúvida um risco para a democracia no Brasil”, afirmou a deputada, que sobre a mesa tinha uma réplica de uma placa de rua em homenagem a Marielle Franco.

De acordo com o Ministério Público, Ronnie Lessa nutria repulsa pelas causas defendidas pela vereadora e o assassinato teria sido motivado por ódio, mas não descarta a existência de mandantes.

Na linha de temas que eram defendidos por Marielle, Renata Souza apresentou, junto com as colegas de partido, Dani Monteiro e Mônica Francisco, projetos sobre assistência técnica para a construção de moradias populares e programas para adolescentes que cumprem medidas socioeducativas.

Edição: Carolina Pimentel

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