AEB prevê queda de 15% nas exportações brasileiras este ano
As exportações brasileiras deverão fechar o ano com queda de 15%, em relação ao ano passado, alcançando US$ 191,331 bilhões. Para as importações, espera-se queda de 20%, somando US$ 183,267 bilhões. Os dados constam da revisão da balança comercial, divulgada hoje (16) no Rio de Janeiro, pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
Anteriormente, o setor tinha projetado superávit de US$ 8,140 bilhões, mas, com a revisão, a projeção caiu para US$ 8,064 bilhões. A estimativa é classificada pelo presidente da AEB, José Augusto de Castro, como um “superávit negativo”, uma vez que o resultado não é gerado pelo crescimento das vendas externas. Em 2014, a balança fechou com déficit de US$ 3,959 bilhões.
A previsão anterior da AEB para 2015, divulgada em dezembro de 2014, indicava exportações de US$ 215,360 bilhões e importações de US$ 207,220 bilhões.
“O que gera atividade econômica é a corrente de comércio, que é o somatório de exportação e importação. O superávit é apenas o efeito desses dois números”, destacou Castro. Os dados da AEB sinalizam para uma piora da balança nacional este ano. De acordo com a AEB, o Brasil chegou a ter, em 2011, 1,41% de participação no mercado internacional e deve cair este ano para 1%, “e até um pouquinho abaixo”, disse Castro.
Commodities
Outro ponto negativo é que as exportações brasileiras continuam lideradas por commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado externo) e não por produtos de maior valor agregado. “Este ano, os dez principais produtos exportados são commodities. Apenas o décimo-primeiro produto [aviões] é manufaturado. Com as commodities, nós somos dependentes de fatores externos, sobre os quais não temos nenhum controle”, explicou o presidente da AEB.
Segundo Castro, a melhoria da taxa de câmbio ajuda os manufaturados. “Só que essa melhoria vai ocorrer apenas com as exportações para os Estados Unidos”, disse. As exportações totais do Brasil para o mercado americano tiveram queda no acumulado deste ano de 6,3%, enquanto as exportações de manufaturados para os Estados Unidos aumentaram, até o momento, 5,94%. “O câmbio está ajudando a ter um crescimento das exportações de manufaturados porque, sobre as commodities, o câmbio não tem nenhuma influência.”
Castro afirmou que o cenário interno de enfraquecimento da economia também não ajuda, porque as empresas não investem em tecnologia e inovação e, por isso, não têm como reduzir custos. “É um cenário ruim que não estimula a gente a ter uma perspectiva melhor em 2016”. Com o atual cenário, a AEB acredita que o próximo ano tende a ser igual a 2015, com pequenas variações nos números.
Em junho, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior previu que a balança comercial deve encerrar o ano com superávit entre US$ 5 bilhões a US$ 8 bilhões.