Diretor do BC diz ser possível inflação ficar abaixo do teto da meta
O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Altamir Lopes, disse hoje (31) que é possível fazer a inflação convergir para abaixo do teto da meta de inflação (6,5%) este ano. A afirmação foi feita mesmo com a divulgação de projeção do BC de que a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), para este ano deve ficar acima do teto da meta, em 6,6%.
Para o diretor, a estimativa de 6,6% “é um ponto central de um leque de possibilidades”. “Acreditamos que vai convergir para um ponto abaixo de 6,5%. Hoje, você observa uma trajetória de expectativa cadente”, disse.
Lopes destacou que, mesmo com a projeção acima do limite superior, há uma redução da inflação em relação ao ano passado, quando ficou em 10,67%. “Isso não é pouco. Mostra a efetividade da política monetária. O trabalho do Banco Central está sendo feito e bem feito”, argumentou.
Para ele, o aumento da projeção para este ano de 6,2%, divulgada em dezembro, para os atuais 6,6% foi influenciado pela inércia inflacionária (resistência dos preços, com reajustes feitos com base em inflação passada) e aumento significativo de alguns preços, como de ônibus urbanos e medicamentos. Houve uma “surpresa inflacionária bastante forte”, em janeiro deste ano, explicou.
Queda da inflação
O diretor de Política Econômica do Banco Central destacou que há a expectativa do BC e do mercado que haja redução da inflação, a exemplo do setor de serviços. “Estamos vendo com muita clareza a desinflação que se observa no setor de serviços. Vamos ver uma desinflação mais pronunciada nos meses à frente”.
Sobre o efeito do câmbio na inflação, Altamir Lopes disse que é preciso saber em qual patamar vai se estabilizar a cotação, mas a expectativa é de ter um dólar mais estável este ano, diferentemente do que se observou em 2014 e em 2015. Acrescentou que a estabilidade favorece o alcance dos objetivos de reduzir a inflação.
Taxa básica
Questionado sobre o fato de o mercado continuar prevendo queda da taxa básica de juros, a Selic, o diretor reforçou que o BC não trabalha com a possibilidade de flexibilização de política monetária. “O mercado que se ajuste”, afirmou.
A taxa Selic é o principal instrumento do BC para o controle da inflação. Ao reajustá-la para cima, contém o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Comitê de Política Monetária (Copom) barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.
Lopes enfatizou que as decisões do Copom, responsável por definir a Selic, são tomadas com base em fatos econômicos. “Temos um compromisso assumido de cumprir os objetivos do sistema de metas. Achamos perfeitamente possível atingir esses compromissos. Não existe nenhum impedimento, nenhum constrangimento para tomar as medidas necessárias de sorte a alcançar esses objetivos”, acrescentou.
Contas públicas
O diretor disse ainda que, pelo cálculo do resultado primário estrutural (feito como a exclusão de receitas e despesas extraordinária) do Banco Central, a política fiscal saiu da zona de neutralidade para expansionista (aumento de gastos). A transparência da explicitação de resultadas das contas públicas e o reconhecimento pelo governo de que a situação é ruim no curto prazo são positivos porque influênciam na melhora das expectativas, finalizou.
Texto alterado às 14h04 para acréscimo de informações