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Economia

Relatório da OCDE sugere ao Brasil aumentar o investimento para poder crescer

Mariana Tokarnia e Kelly Oliveira - Repórteres da Agência Brasil
Publicado em 28/02/2018 - 12:09
Brasília

Brasília - O secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, Angel Gurría, durante o lançamento do Relatório Econômico da OCDE de 2018 sobre o Brasil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

"O investimento de hoje é o crescimento de amanhã. Uma baixa taxa de investimento hoje quer dizer que o potencial de crescimento amanhã diminui", disse o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, Angel GurríaMarcelo Camargo/Agência Brasil

O Brasil precisa aumentar o investimento para poder crescer mais, de acordo com o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurría. Relatório apresentado hoje (28) mostra que o país ocupa uma das piores posições entre os países membros e parceiros do grupo.

No ranking dos países da OCDE, o Brasil aparece na quarta pior posição de investimento em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), considerados os valores de 1990 a 2016. Nesse período, o investimento do país não chegou a 20% do PIB – soma de todos os bens e serviços produzidos pelo país.

Segundo o relatório da OCDE, o nível do investimento tem declinado continuamente desde 2013 e está baixo na comparação internacional. "O investimento de hoje é o crescimento de amanhã. Uma baixa taxa de investimento hoje quer dizer que o potencial de crescimento amanhã diminui", disse Gurría.

"Investimento e produtividade são desafios de todos os países do mundo, mas não é um consolo para os brasileiros que têm um grande desafio de produtividade e de investimento, [o Brasil] tem uma das taxas de investimento mais baixas comparada com os países da OCDE", acrescenta o secretário-geral.   

O relatório ressalta que um maior nível de investimento elevaria o potencial de crescimento da economia e fortaleceria o crescimento da produtividade, possibilitando aumentos salariais sem colocar em risco a competitividade dos produtores domésticos.

Acesso a financiamento

De acordo com a OCDE, o acesso a financiamento e os altos custos do crédito são grandes obstáculos ao investimento no Brasil. A organização ressalta a necessidade da entrada de outras fontes de financiamento nos mercados de crédito, hoje dominados pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). De acordo com o relatório, 53% dos empréstimos para infraestrutura "foram estendidos pelo BNDES, cujos recursos serão insuficientes para cobrir as necessidades futuras de infraestrutura".

"O BNDES poderia evoluir, deixando de ser a principal fonte de financiamento de infraestrutura no Brasil para servir como catalisador da mobilização de financiamento privado, inclusive do exterior. Exigir co-financiamento privado em empréstimos do BNDES é uma maneira de envolver os credores privados", recomenda.

Abertura ao mercado externo

Outro ponto destacado por Gurría é a constatação da OCDE de que o Brasil é pouco integrado à economia global. Com as exportações e as importações em menos de um quarto do PIB, o Brasil está significativamente menos integrado à economia mundial do que outros mercados emergentes de tamanho similar. "As altas barreiras comerciais impedem que o Brasil aproveite os diversos benefícios de uma economia global cada vez mais integrada", diz o documento.

"Os custos de exportação, de transporte, fazem mais caras as exportações brasileiras", diz Gurría, que ressalta a necessidade do Brasil fortalecer vínculos comerciais e abrir mais o mercado.

Criada em 1961, a OCDE reúne economias desenvolvidas, como Estados Unidos, Japão e países da União Europeia, sendo vista como um “clube dos ricos” apesar da entrada de economias emergentes. São 35 pai ses-membros. O Brasil acompanha as atividades do grupo desde 1994 e tramita, desde 2017, um pedido de adesão à organização.