ANP: indústria do petróleo não sairia do lugar sem abertura do setor

Publicado em 28/09/2018 - 14:35 Por Nielmar de Oliveira - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Odonne, afirmou hoje (28), durante a 5ª Rodada de Partilha do pré-sal, que a indústria petrolífera brasileira não teria condições de avançar sem que ocorressem as mudanças na regulamentação do setor.

O diretor-geral da ANP, Décio Oddone e o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Marcio Felix, durante entrevista coletiva sobre a 5ª Rodada de Licitações de Partilha da Produção de petróleo em áreas do pré-sal
O diretor-geral da ANP, Décio Oddone, e o secretário executivo do MME, Marcio Felix - Tânia Rergo/Agência Brasil

Segundo Oddone, mantidas as exigências que vigoravam anteriormente, como a de conteúdo mínimo local e de ter a Petrobras como operadora única do pré-sal, os resultados não seriam os mesmos obtidos de setembro do ano passado até o dia de hoje, com as licitação das rodadas de partilha e de concessão.

“Foram arrecadados R$ 28 bilhões somente em bônus de assinatura. Mantidas as exigências de conteúdo nacional e a Petrobras como operadora única do pré-sal, os resultados não seriam os mesmos. A concentração dos investimentos em uma única empresa dificulta a financiabilidade [do projeto]”, disse Oddone.

De acordo com o diretor-geral da ANP, basta lembrar que, somente no upstream (parte da cadeia produtiva do petróleo que antecede o refino), a quantidade de recursos necessários para fazer os investimentos seria de R$ 1,8 trilhão a R$ 2 trilhões em 10 anos. "Nós estamos falando de investimentos de R$ 200 bilhões por ano.”

“A Petrobras hoje investe US$ 15 bilhões, US$ 16 bilhões por ano no conjunto das suas atividades, em todo o segmento. Isso dá R$ 50 bilhões ao ano. É inimaginável acharmos que somente uma empresa, independentemente do seu tamanho, seja capaz de enfrentar estes investimentos, isso não aconteceria. O que nós precisamos é de diversificação das empresas, o maior número delas investindo no Brasil”, afirmou Oddone.

Ele disse que o país precisa é de atrair investimentos para o setor do petróleo, para usar na construção de refinarias de modo a aumentar a capacidade de produção e reduzir a dependência do mercado externo. "[É preciso] investir em biodiesel para diversificar a nossa matriz. Nós precisamos avançar nas questões logísticas, no mercado de gás natural: nossos gasodutos só abrangem o litoral, não há rede de gasoduto que chegue ao interior do país.”

Para Oddone, se o país tomar a decisão de concentrar tudo em uma única empresa [no caso, a Petrobras], limitará seu potencial de crescimento ao potencial de investimento desta empresa. Ele lembrou que isso já foi tentado no passado, e ficou provado que não deu certo. “Precisamos é de mais investimentos, de mais abertura, de mais competição para desenvolvermos e crescermos. Nós precisamos é de que os nossos recursos naturais sejam utilizados em benefício de nossa população.”

“Não nos esqueçamos de que temos milhões de brasileiros abaixo da linha de pobreza e que o maior inimigo do meio ambiente é a pobreza. Nós não temos hoje recursos para investir, nem tempo a perder. Temos que continuar neste processo de atração de investimentos para que possamos, através desses investimentos, retirar milhões de brasileiros da linha da pobreza”, afirmou.

Edição: Nádia Franco

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