BNDES fecha o ano com desembolsos de R$ 71 bilhões

Publicado em 13/12/2018 - 16:35 Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou que vai fechar este ano com desembolsos totais de R$ 71 bilhões, seguindo o patamar de 2017, quando desembolsou R$ 70,8 bilhões. Em termos de participação relacionada ao Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) houve uma queda de 0,99%, enquanto no ano passado foi de 1,08%. É o menor percentual desde 2010 (4,33%). Para a instituição, a recessão econômica e o ajuste do tamanho do banco explicam o desempenho. Os dados foram repassados ao governo de transição.

O presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, disse que esse indicador é importante, mas existem outros relevantes como o tempo de análise dos projetos, que foi reduzido, e o número de aprovações e de operações em avaliação. “O banco vai começar o ano com um volume de operações a desembolsar bem maior do que teve este ano, e isso vai claramente indicar uma retomada do crescimento do banco no ano que vem”, disse, acrescentando que para 2019 o total poderá atingir R$ 90 bilhões, conforme prevê o planejamento estratégico da instituição.

O presidente do BNDES, Dyogo Oliveira, e o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, assinam acordo de cooperação técnica para realização de ações conjuntas entre as duas instituições.
Presidente do BNDES, Dyogo Oliveira - Arquivo/Agência Brasil

Pequenas e médias empresas

Em 2018, 50% dos desembolsos do BNDES se referem às pequenas e médias empresas. Em 2010, eram em torno de 27%. Para o presidente da instituição, o resultado é significativo. “É um crescimento muito grande na participação das pequenas e médias empresas, afastando o banco da imagem de que só financia grandes empresas e coisas dessa natureza. Hoje, pelo contrário, o banco financia prioritariamente as pequenas e médias empresas”, disse.

Infraestrutura

No setor de infraestrutura, até o início de dezembro, os desembolsos tiveram aumento de 14% em relação a 2017. Em contratação subiu 26% e foram aprovados 80% a mais que o ano anterior, o que para o diretor de Infraestrutura, Márcio Ferrari, foi surpreendente. “Eram R$ 21 bilhões de janeiro a novembro em 2017 e em 2018 foram R$ 32 bilhões, na mesma comparação de aprovações”, disse, informando que aí estão incluídos projetos de logística, de transporte, de energia e de saneamento.

Tesouro

Dyogo Oliveira ressaltou o esforço feito pela instituição para a devolução de recursos para o Tesouro Nacional como um dos fatores de destaque em 2018. Desde 2015, essas devoluções somam R$ 310 bilhões, o que representa uma redução de 5% do PIB na dívida bruta do governo federal. O saldo remanescente é de R$ 280 bilhões, cuja devolução foi ajustada em 20 anos, com pagamento de R$ 25 bilhões por ano.

Atuação

Para o presidente do BNDES, a principal mudança na atuação do banco nas diretrizes atuais foi a digitalização, que permitiu entre outros avanços a redução dos prazos de avaliação dos projetos. Além disso, houve a transferência de 10% do pessoal com funções na área meio para as de atividade-fim. Com isso, o prazo médio de tramitação das operações saíram de 290 dias em 2017 para 243 este ano.

Para 2019, ele estima que quando todas as alterações estiverem efetivadas, o prazo de análise vai cair ainda mais. “Isso vai cair muito, porque estamos aprovando agora operações que nas últimas reuniões tiveram [o prazo de tramitação] de 60 dias”, disse, acrescentando, que, mesmo as operações mais complexas, que normalmente levam dois anos, o banco tem aprovado em até 220 dias.

A meta da instituição é ter 50% das operações aprovadas em menos de 180 dias. “Essa é a meta institucional, mas com as alterações que fizemos, não tenho a menor dúvida de que vai ficar muito abaixo disso, por conta da velocidade que está tendo”.

Transparência

O diretor jurídico, Marcelo Siqueira, informou que empresas de auditoria forense serão contratadas para apurações externas do banco. Atualmente, há duas apurações externas em andamento: uma sobre operações do banco com o grupo J&F e outra, a ser iniciada em breve, sobre contratação de serviços. 

“Para termos uma apreciação de agente de fora do banco a cerca da licitude das operações da instituição. As duas são demandas internas da própria instituição. Foi uma definição nossa de percepção de risco, inclusive de imagem que nos levaram a adotar este procedimento externo em relação a esses dois conjuntos de operação, porque são os que recebem um conjunto maior de críticas”, informou.

Siqueira destacou que, desde a parceria com o Tribunal de Contas da União (TCU), a transferência de informações para o tribunal tornou-se perene e que a "caixa-preta" do banco foi aberta. “A caixa-preta [do banco] foi aberta. Nós temos hoje uma caixa absolutamente transparente. Isso é motivo de muito orgulho de toda a casa. Foi um movimento integrado de direção e empregados em prol de enfrentar o problema e apresentar a sociedade uma demonstração bastante clara de para onde vão os recursos financiados pelo banco”, completou.

Entre as operações informadas ao público, conforme o diretor, estão: exportação de serviços e a íntegra dos contratos, operações domésticas do banco. Apenas três conjuntos de informações não estão disponíveis: saldo devedor, situação de adimplência ou inadimplência da operação. Ainda assim, segundo o diretor, após o BNDES entrar com uma cobrança da dívida, a informação se torna pública. Não é informado também o rating que o próprio banco faz sobre o tomador e a operação, porque é uma avaliação subjetiva da instituição. O terceiro volume de dados não divulgados é sobre sigilo empresarial e plano de negócios que as empresas entregam ao BNDES como demonstração de viabilidade para a consideração do financiamento. 

“De fato temos hoje um nível de transparência que nenhuma outra instituição financeira pública ou privada do Brasil ou fora dele tem”, afirmou aos jornalistas.

De acordo com Siqueira, o BNDES fez apurações internas em relação a operações passadas, que não indicaram irregularidades. E as que estão em andamento não apontam até agora participação de empregados em atos ilícitos.

Edição: Fernando Fraga

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