Caminhada de professores reúne 15 mil pessoas em Curitiba, diz sindicato
Os professores da rede pública estadual do Paraná fizeram hoje (5) uma nova manifestação no centro de Curitiba. Após pouco mais de uma hora de caminhada, eles chegaram ao Centro Cívico, onde estão as sedes do Legislativo e Executivo estadual. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), o ato reuniu cerca de 15 mil pessoas. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Militar, por volta das 11h30, aproximadamente 10 mil pessoas participavam da passeata.
Eles repetiram o gesto do protesto do dia 1º, quando tingiram de vermelho as águas do chafariz em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo, em repúdio à violência policial. Em seguida depositaram flores, em um gesto simbólico de paz. Com faixas na cabeça com a palavra "lutão", as estudantes de pedagogia Thamires Nascimento e Milena Kulik participaram da manifestação em apoio às reivindicações dos professores. "Não deveria ter ocorrido essa violência contra os professores. Acredito que eles estão fazendo isso pelo bem da educação pública ", avaliou Milena.
Pouco antes da caminhada, os professores desenharam no chão figuras representantando os 213 professores que, segundo a prefeitura, ficaram feridos durante protesto, no dia 29, contra a votação de um projeto do governo estadual (PL 252/15) que altera o sistema de Previdência Social dos servidores estaduais. Na ocasião, manifestantes foram atingidos por balas de borracha e gás lacrimogêneo disparados pela polícia. Segundo o governo estadual, 20 policiais também ficaram feridos.
"Na história do estado, jamais ocorreu um acontecimento com essa violência contra educadores. Estamos aqui hoje para mostrar nossa indignação contra a postura do governo do estado", informou à Agência Brasil a secretária de Finanças do sindicato, Marlei Fernandes.
Em entrevista coletiva após a manifestação do dia 29, o governador Beto Richa defendeu a ação dos policiais e disse que eles reagiram a provocações de algumas pessoas que participavam do protesto em frente à Assembleia Legislativa.
Aprovado no mesmo dia e sancionado pelo governador no dia 30, o projeto modifica a fonte de pagamento de mais de 30 mil previdenciários, que passarão a ser pagos pelo Fundo Previdenciário dos Servidores Estaduais.
A medida, segundo o governo, vai gerar uma economia de R$ 125 milhões aos cofres públicos. Os professores argumentam que a iniciativa compromete a saúde financeira do fundo, que terá de pagar mais do que arrecada. Por causa das divergências, os professores paralisaram as atividades há 11 dias.
A manifestação de hoje transcorreu de forma pacífica. Pouco policiais acompanharam o protesto, iniciado por volta das 9h, quando os professores começaram a se concentrar na Praça 19 de Dezembro.
Às 11h, os manifestantes iniciaram a caminhada em direção ao Centro Cívico. A maioria portava faixas e cartazes com as palavras "luto" e "menos bala e mais giz".
Presente à manifestação do dia 29, a professora de artes Andreza Figueiredo, que dá aulas na rede estadual há oito anos, compareceu ao ato desta terça-feira com um "escudo" de papelão. Segundo ela, no "escudo" foi colocado tudo que sentiu no dia. "Infelizmente, as coisas aqui estão assim. A prioridade do governo é colocar a polícia contra os professores, mas deveria ser a educação e a saúde. Não é o que estamos vendo", lamentou.
Após o encerramento da manifestação, os professores se reuniram em assembleia para definir o rumo da paralisação. Além da posição contra o projeto sancionado, eles reivindicam reajuste salarial de 13,1%, com pagamento retroativo à data-base de 2014, novo concurso público e melhores condições de trabalho.
O encontro deve reunir milhares de servidores e será realizado no Estádio da Vila Capanema. Por causa da greve, quase 1 milhão de alunos estão sem aula no estado.