Crime organizado vê Amazônia Legal como estratégica para tráfico
O crime organizado segue expandindo pela Amazônia Legal e já está presente em, pelo menos, um terço dos municípios da região, que passa a ser vista como um território estratégico para o tráfico entre países.
A Amazônia Legal envolve o Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. São 772 municípios no total.
De acordo com o relatório Cartografias da Violência na Amazônia, lançado nesta quarta-feira (11), pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a presença das facções da região Sudeste subiu de 178 para 260 cidades em 2023. Só o Comando Vermelho, com origem no Rio de Janeiro, tem o monopólio em ao menos 130 municípios, vários nas fronteiras com a Bolívia, o Peru e a Colômbia.
Tráfico de drogas, crimes ambientais, grilagem de terra e outros tipos de ilegalidades estão misturados.
O número de homicídios na região é 41% acima da média nacional, mas caiu no ano passado. Isso pode ser explicado pela hegemonia de um grupo numa determinada cidade, diz o coordenador de projetos do Fórum de Segurança Pública, David Marques.
“Municípios nos quais existem duas facções diferentes, em conflito pelo controle territorial, a tendência é que a gente tenha a resolução desse conflito pela violência letal. E isso eleva as taxas”.
O relatório conclui que o governo federal, sozinho, não vai dar conta do desafio. É preciso envolver outras entidades federativas, como a Ficco, Força Integrada de Combate ao Crime Organizado, que une diversas polícias, afirma David.
“E isso tem mostrado potencial interessante pra desarticulação dessas organizações, tendo em vista que a Polícia Federal tem uma expertise muito grande com relação a essas investigações mais complexas, que consigam ter o impacto da finança dessas organizações”.
O documento aponta a necessidade de qualificar a investigação criminal e o combate à lavagem de dinheiro, além de articular as instituições de segurança pública, órgãos ambientais e Justiça.