Braille abre as janelas do mundo para deficientes visuais

Sistema permite a leitura, mas ainda não é totalmente disseminado

Publicado en 07/01/2021 - 13:17 Por Beatriz Evaristo - Brasília

O músico profissional Savio Trindade Lobato nasceu com deficiência visual nos dois olhos. Teve glaucoma, que afeta o nervo óptico e leva à cegueira. Em busca de um melhor tratamento, a família deixou o Piauí e se mudou para o Distrito Federal.

Na capital do país, Savio foi alfabetizado em braille em um centro de atendimento especializado para pessoas cegas. Para o músico, ler e escrever com esse sistema representa autonomia.

“É uma coisa antiga que muda a vida do deficiente quando ele tem acesso. Quando você tem o braille na mão, tem um livro em braille na mão, você tem muito mais autonomia pra ler, pra escrever e, até mesmo, para melhorar a sua escrita e a sua ortografia.”

O braille também ganhou significado de autonomia na vida da presidente da Associação Brasiliense de Deficientes Visuais, Denise Braga. Ela precisou aprender uma nova forma de ler e escrever quando perdeu a visão aos 24 anos, em consequência da diabetes. Denise cita alguns desafios e avanços em atividades do dia a dia para o uso do braille.

“A gente tem poucos lugares que oferecem um cardápio, um documento, alguma questão para que a pessoa com deficiência visual tenha autonomia da própria vida. Mas são coisas que a gente vai vencendo aos poucos. Hoje, já tem lei que obriga os cartórios a imprimir documentos como certidões e outros documentos em braille. Aqui, em Brasília, a gente tem a lei distrital que obriga estabelecimentos, restaurantes e lanchonetes, a terem o cardápio em braille.”

Além disso, impressora e papel especial ainda tem um custo alto. E o material deve ser guardado de uma forma que não prejudique o alto-relevo. Também há uma carência de profissionais especializados. Em meio a isso, as novas tecnologias têm substituído a leitura na ponta dos dedos, mas a presidente da Associação Brasiliense de Deficientes Visuais, Denise Braga, reforça a importância do braille.

“Quando a gente usa uma tecnologia como o telefone, a gente ouve a palavra, mas a gente não sabe como escrever. E as pessoas com deficiência visual que precisam aprender, pra questão de emprego, enfim, deslanchar na vida, ela tem que saber também escrever e a grafia vem com muita importância nesse sentido.”

Dados do IBGE de 2010 apresentam mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual. Cerca de meio milhão delas são cegas. As demais têm baixa visão ou visão subnormal. De acordo com relatório de 2019 da Organização Mundial da Saúde, em todo o mundo, há mais de 2 bilhões de pessoas que vivem com deficiência visual ou falta de visão. Desses casos, mais de 1 bilhão poderiam ser evitados ou tratados.

 

Últimas notícias
Cultura

Brô Mc's, primeiro grupo de rap indígena, resgata cultura ancestral

O primeiro grupo de rap indígena a criar letras e cantar músicas na pegada do hip hop nasceu há 15 anos, em Dourados, no Mato Grosso do Sul.

Baixar arquivo
Cultura

RJ: exposição marca a Década Internacional das Línguas Indígenas

Uma imersão na língua dos povos indígenas, com sua história, memória e realidade atual. Essa é a temática da exposição “Nhe’ẽ Porã: memória e transformação”, no Museu de Arte do Rio. 

Baixar arquivo
Internacional

Irã não acusa Israel por ataque e minimiza ação

Líderes mundiais voltaram a fazer apelos para conter a tensão no Oriente Médio. Em Teerã, milhares foram às ruas depois das orações de sexta-feira em resposta ao aparente ataque. Um comandante iraniano, falando à multidão, confirmou que objetos suspeitos foram abatidos, sem responsabilizar Israel.

Baixar arquivo
General

Polícia investiga morte de adolescente agredido em escola de São Paulo

Secretaria de Segurança Pública de São Paulo diz que o caso está sendo investigado como morte suspeita, e que o corpo da vítima passará por necropsia. 

Baixar arquivo
General

Entenda sobre a PEC das drogas que tramita no Congresso Nacional

O Senado Federal já aprovou o texto da Proposta de Emenda Constitucional que criminaliza o porte e a posse de drogas. Agora a Câmara dos Deputados vai analisar.

Baixar arquivo
Derechos Humanos

Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia completa 35 anos

Organização está presente nos nove estados da Amazônia Legal, junto a 800 mil indígenas e 180 povos. E atua na articulação dos direitos indígenas, inclusive os povos de recente contato, além de buscar o fortalecimento das políticas púbicas para os territórios.  

Baixar arquivo