Operação Lava Jato prende 24 e apreende obras de arte, bens e R$ 5 milhões

Publicado em 17/03/2014 - 21:15 Por Mariana Jungmann - Repórter da Agência Brasil - Brasília

Os delegados da Polícia Federal que coordenaram a Operação Lava  Jato, deflagrada hoje (17) em 17 cidades de seis estados, comunicaram que foram cumpridos, até o momento, 24 mandados de prisão e 15 de condução coercitiva, além de 81 mandados de busca e apreensão. Cerca de 400 policiais participaram da operação e algumas equipes ainda estão nas ruas trabalhando na apreensão de valores das quadrilhas presas.

Em entrevista coletiva concedida em Curitiba (PR), o delegado que preside o inquérito, Márcio Anselmo, explicou que quatro quadrilhas distintas atuavam de maneira independente, mas se relacionavam eventualmente. Os quatro grupos investigados tinham à frente doleiros que lucravam com câmbio paralelo ilegal, mas também praticavam diversos crimes como tráfico de drogas, exploração e comércio ilegal de diamantes, corrupção de agentes públicos, entre outros.

Segundo Anselmo, os grupos movimentaram nos últimos três anos R$ 10 bilhões, de acordo com informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Ministério da Fazenda. Para lavar o dinheiro obtido de maneira ilícita, as quadrilhas utilizavam atividades conhecidas para essa finalidade, como redes de lavanderias e postos de combustível.

Além disso, eles abriam empresas de fachada no Brasil e no exterior para simular contratos de importação e exportação. Utilizando esse modelo de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, apenas um doleiro enviou ao exterior, entre 2009 e 2013, US$ 250 milhões.

“Eles foram se aproveitando de algumas externalidades positivas ou negativas, como por exemplo, quando o Banco Central aboliu o controle cambial de exportações. Esses doleiros se aproveitaram disso e nós temos bem mais de US$ 250 milhões em simulações de importações. Eles simulavam uma exportação para uma empresa de fachada que também era deles no exterior e remetiam esse valor para lá e de lá difundiam para os destinatários finais”, explicou o delegado.

As empresas e as contas internacionais dos grupos eram situadas principalmente na China e em Hong Kong. De acordo com Anselmo, como a China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil, foi fácil para o grupo simular contratos com empresas no país.

Com os grupos, a Polícia Federal apreendeu jóias, obras de arte, 25 veículos com valores individuais acima de R$ 100 mil, conseguiu o sequestro judicial de três hotéis, além de R$ 5 milhões em espécie. Em apenas uma prisão, feita na última sexta-feira (14), uma doleira foi detida enquanto tentava embarcar para a Europa levando 200 mil euros (R$ 654.480) presos ao corpo por baixo das roupas.

A apreensão dos valores financeiros foi considerada fundamental pelos delegados da PF, porque interrompe o fluxo financeiros das quadrilhas. O próximo passo será investigar os documentos apreendidos e os contratos fraudulentos com a administração pública. “Estamos tentando apurar, a partir das buscas, quem são os clientes”, disse o delegado. Entre os presos também está um brasileiro considerado traficante internacional de drogas.

Edição: Fábio Massalli

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