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Corpo do escritor João Ubaldo Ribeiro é enterrado no Rio

Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 19/07/2014 - 15:02
Rio de Janeiro
Enterro do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro no mausoléu dos membros da Academia Brasileira de Letras (ABL), no cemitério São João Batista, em Botafogo (Fernando Frazão/Agência Brasil)
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Enterro do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro no mausoléu dos membros da Academia Brasileira de Letras (ABL), no cemitério São João Batista, em Botafogo (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Amigos e parentes acompanham enterro do escritor João Ubaldo RibeiroFernando Frazão/Agência Brasil

Amigos e parentes deram adeus hoje (19) ao escritor e jornalista João Ubaldo Ribeiro, que morreu aos 73 anos, de embolia pulmonar.

O corpo do romancista foi enterrado às 10h, no Mausoléu dos Imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. A cerimônia durou cerca de meia hora.

O corpo de João Ubaldo foi sepultado com o fardão dos imortais da ABL, da qual ele era membro, sobre uma camiseta de Itaparica, a cidade baiana onde o escritor nasceu em 23 de janeiro de 1941.

O caixão foi aberto apenas para que a  viúva, Berenice, se despedisse dele, ao lado dos filhos Bento e Francisca e Manuela e Emília, do primeiro casamento do romancista. Depois de fechado, a família colocou sobre o caixão uma camiseta do bloco Areia, que no carnaval desfila pelas ruas do Leblon, bairro onde o escritor morava e costumava seguir o bloco.

Bento Ribeiro disse que, no cotidiano, o pai era divertido e sarcástico e que isso o influenciou. “Posso ter pegado muito dele, até involuntariamente, por conviver com ele. Muito sarcasmo dele, das colocações, do humor. Mesmo que involuntariamente, eu pegava muita coisa, até porque sou filho e tenho traços da personalidade dele. Ele era bem engraçado na convivência.”

Para o poeta, letrista e roteirista Geraldo Carneiro, um dos amigos presentes ao enterro, a entrada de João Ubaldo na ABL, onde ocupava a Cadeira  34 desde 7 de outubro de 1993, levou um pouco de informalidade à academia. “A academia é mais constrita e se atém mais ao aspecto obra, enquanto João, além de ter essa obra admirável, tem uma vida cheia de aventuras. Então, acho que ele amplifica e amplia este espaço da correlação entre vida e obra”, explicou.

O poeta Geraldo Carneiro fala no enterro do escritor baiano João Ubaldo Ribeiro, no mausoléu dos membros da Academia Brasileira de Letras (ABL), no cemitério São João Batista, em Botafogo (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Poeta  Geraldo  Carneiro  destaca  complexidade   da obra de João UbaldoFernando Frazão/Agência Brasil

Ao destacar as obras do escritor, Geraldo Carneiro apontou logo Viva o Povo Brasileiro e Sargento Getúlio. “[Viva o Povo Brasileiro] é um livro absurdo, composto de 500 personagens e dez épocas históricas. Todas se entrelaçando em um sistema de migrações. É um livro completamente louco. Não sei nem se o próprio João Ubaldo – ele já me confessou isso – o compreendeu completamente. É um livro de uma complexidade maravilhosa.” Para o poeta, dificilmente se fará um livro tão rico e aberto a interpretações na literatura brasileira.

Antes do sepultamento, o corpo de João Ubaldo foi velado no Salão dos Poetas Românticos, na ABL. O secretário-geral da instituição, Domício Proença Filho, representou o presidente da ABL, Geraldo Holanda Cavalcanti, na cerimônia religiosa e homenageou o colega. “João Ubaldo se despede de nós deixando uma lembrança amiga”, disse Proença.

Muito emocionada, a filha Manuela chegou hoje cedo a tempo de participar do velório. Ela mora na Alemanha e, por isso, o sepultamento foi marcado para hoje. Manuela preferiu não dar declarações sobre o pai. A missa foi celebrada pelo monsenhor Sérgio Couto, capelão do Outeiro da Glória.