Greve de garis prejudica serviços de limpeza em 130 municípios paulistas
No terceiro dia de greve dos garis no estado de São Paulo, os 130 municípios afetados pela paralisação têm buscado alternativas para manter o nível essencial dos serviços. O Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana de São Paulo, que representa as concessionárias prestadoras do serviço, informa que o movimento tem mais adesão nas cidades maiores, em especial na região do Grande ABC. Segundo a Federação de Trabalhadores em Serviços, Asseio e Conservação Ambiental, Urbana e Áreas Verdes do Estado de São Paulo, 30 mil garis aderiram à greve.
Em alguns municípios, as prefeituras relatam que os grevistas têm hostilizado os funcionários que fazem o serviço de contingência. Em Santo André, região do Grande ABC, os coletores deixaram hoje (25) o aterro municipal sob escolta policial. No entanto, o Serviço Municipal de Saneamento Ambiental da cidade informa que, como a Polícia Militar não pôde acompanhar os trabalhadores em todo o trajeto, eles acabaram retornando sem recolher o lixo.
O Serviço de Saneamento Ambiental informou ainda que mantém 49 funcionários para fazer a coleta de lixo, com prioridade para as ruas onde ocorrem feiras livres. A prefeitura de São Caetano, município do Grande ABC, tem atuado de maneira semelhante, mas admite que não tem conseguido manter a frequência normal dos serviços.
Em Mauá, na região metropolitana da capital, a prefeitura relatou ações dos grevistas contra o trabalho emergencial. Porém, não chegou a ser solicitada escolta policial. De acordo com a administração municipal, os trabalhadores que aderiram ao movimento têm barrado a entrada de caminhões no aterro da cidade.
Em Itanhaém, na Baixada Santista, a prefeitura reclama do descumprimento da decisão judicial que determinou a manutenção de 70% dos serviços de limpeza e coleta de lixo. “O único serviço de limpeza e coleta que vem sendo feito pela empresa contratada é o de coleta de resíduos da [área de] saúde”, ressalta a administração municipal, que tem tentado manter parte dos serviços, com foco nos locais com maior fluxo de pessoas e feiras livres.
Os caminhões foram impedidos de sair da base operacional em Cotia, Grande São Paulo. Segundo a prefeitura, os grevistas também bloquearam a saída dos funcionários que prestam serviço para a Secretaria de Obras do município. Por isso, a secretaria está pedindo à população para armazenar o lixo até que a coleta seja restabelecida.
A liminar obtida pelas empresas está sendo respeitada em Osasco e Itapevi, ambos na zona oeste da região metropolitana de São Paulo. A prefeitura de Osasco informou que a coleta na cidade está sendo complementada por servidores da Secretaria Municipal de Serviços e Obras.
Em Araçatuba, no interior do estado, a prefeitura acompanha o movimento de paralisação, de modo a garantir que a concessionária mantenha 70% dos serviços, como estipulado pela Justiça. Em Paulínia, também no interior, o Sindicato das Empresas Urbanas de São Paulo destaca que a decisão judicial não está sendo cumprida.
Apesar dos relatos, a Federação de Trabalhadores em Serviços, Asseio e Conservação Ambiental, Urbana e Áreas Verdes do Estado de São Paulo divulgou nota em que diz que os trabalhadores estão cumprindo a decisão da Justiça. A categoria reivindica reajuste de 11,73%. Após audiência de conciliação, ontem (24), no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), as empresas aumentaram a oferta de 6,5% para 7,68% de reajuste. O encontro acabou sem acordo, e não há previsão para nova rodada de negociação.
O presidente do Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana, Ariovaldo Caodaglio, disse que a representação patronal fará hoje uma avaliação da greve para decidir os próximos passos.