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Famílias despejadas mudam para outras ocupações em São Paulo

Fernanda Cruz - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 14/07/2015 - 11:23
São Paulo

As 400 famílias que foram despejadas hoje (14) da ocupação Plínio de Arruda Sampaio começam a se mudar para outras áreas ocupadas na cidade. O terreno na Rua Paulo Guilguer Reimberg, no extremo sul da capital paulista, passou por reintegração de posse no início desta manhã.  A Polícia Militar acompanha a desocupação.

Sandra de Moura, coordenadora do Jardim da União, no Grajaú, disse que já recebeu mais de 70 pessoas, entre as que foram despejadas hoje, na sua ocupação. “A gente abrigou eles, porque não tem como deixá-los na rua”, disse Sandra. Nessa área, um terreno particular, já moram 600 famílias que também aguardam a ação de reintegração de posse.

O pedreiro Francisco Sinaldo Ramos, de 46 anos, conta que deixou seus pertences em casa de parentes, mas que pretende recuperar itens de material de construção, como telhas, e levar para a ocupação Jardim da União, onde deve se estabelecer por um período. “Sempre morei em ocupação ou de aluguel, quando posso. Tenho dois filhos, um de 7 e outro de 5 anos,” contou.

Desde o início da manhã, retroescavadeiras derrubavam os barracos, todos feitos de madeira. O pedreiro Carlos Dantas de Almeida, de 56 anos, ainda tentava retirar alguns pertences. “Falei com o policial, que está nos impedindo de entrar. Disse para aguardar liberação. Tenho cama, geladeira lá dentro.” Carlos levará suas coisas para a casa da irmã, mas não tem ideia de onde vai morar.

O pedreiro conta que tentou desocupar o barraco durante a noite, mas que havia um incêndio e a fumaça o impediu de entrar na ocupação. De acordo com o coordenador da ocupação, Leanir José da Costa, antes de a polícia chegar, alguns moradores, revoltados, puseram fogo em barracos. “À noite, nós tivemos que apagar fogo de quatro barracos, porque um senhor e uma senhora se revoltaram. Acharam que não ia dar tempo [de desocupar]. Isso foi à 1h30 da madrugada”, disse ele.

Ontem (13), os ocupantes do terreno fizeram uma manifestação para pedir a prorrogação, em pelos menos cinco dias, da reintegração de posse da área. Segundo o movimento, as famílias foram avisadas sobre a reintegração no último dia 7 e não tiveram tempo para organizar a saída das 1,2 mil pessoas (400 famílias).

A reintegração de posse da ocupação Plínio de Arruda Sampaio foi determinada pelo juiz Paulo André Bueno de Camargo, da 2ª Vara Cível do Foro Regional II de Santo Amaro, a pedido do proprietário da área, a empresa Agro Pecuária Sigal Ltda. O terreno estava ocupado desde julho do ano passado. O local onde ficavam os barracos, cercado por mata, é considerado área de proteção ambiental.