Rio abre evento-teste olímpico de hipismo e garante que mormo não ameaça cavalos
No primeiro dia do evento-teste do Centro de Hipismo, no Complexo Esportivo de Deodoro, o presidente dos comitês Rio 2016 e Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, disse hoje (6) estar em uma "posição absolutamente segura" quanto à realização da competição, que ocorre na mesma região onde cavalos com suspeita de mormo, doença infecto-contagiosa e letal de equinos, estão sendo examinados por veterinários do governo fora da área de competições e perto da Escola de Equitação do Exército.
"A Federação Internacional aprovou a realização das competições. Nós estamos em uma posição absolutamente segura", disse Nuzman, que pediu à gerente de Serviços Veterinários do Rio 2016, Juliana Freitas, para explicar informações mais específicas.
Segundo Juliana, as medidas de precaução tomadas prepararam o evento para o improvável: "A melhor maneira de evitar a doença de cavalo em uma instalação é não tendo cavalo", disse ela, explicando que os organizadores adotaram o "vazio sanitário" de seis meses recomendado pela Organização Mundial pela Saúde Animal (OIE, sigla em inglês). "Há seis meses, não existe cavalo dentro da instalação. Se não tem cavalo, não existe doença de cavalo", reiterou. Os exames nos cavalos do Exército estão sendo feitos por veterinários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Juliana disse que houve questionamentos "normais" de federações internacionais, principalmente por desconhecerem o terreno, e ressaltou que as regras internacionais foram seguidas pela organização. Alguns dos cuidados incluem a restrição do acesso às cocheiras e a proibição de que pessoas toquem desnecessariamente nos cavalos que participam do evento-teste.
Ao todo, 20 conjuntos de animais e cavaleiros vão participar das competições do evento-teste, que terá competições de adestramento, salto e cross-country, que consiste na conclusão de um percurso com obstáculos. Todos os atletas inscritos são brasileiros, o que, segundo Juliana, ocorreu por causa do custo alto do transporte de animais de locais como Europa e Estados Unidos para o Brasil. "Os cavaleiros estão vindo para observar a ação", informou.
O diretor de Esportes da Rio 2016, Rodrigo Garcia, afirmou que o evento usará 80% da área de 1 milhão de metros quadrados do Centro de Hipismo, que tem estruturas aproveitadas dos Jogos Pan-Americanos de 2007. "[Os observadores internacionais] estão extremamente satisfeitos. O que estamos apresentando aqui é um test event [evento-teste] nível 2, do jeito que ele deve ser", disse Garcia.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, que participou da apresentação, destacou que a execução em Deodoro superou incredulidade e falta de confiança causadas pelo estágio das obras no ano passado: "Deodoro foi uma espécie de crise nas Olimpíadas. Talvez tenha sido a grande crise que a gente tenha tido."
No evento, serão testados serviços prestados aos atletas, como informações, banheiros e alimentação, e também a clínica veterinária, que ainda não está concluída e será aberta temporariamente para o teste. Com o fim dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, a estrutura deve ficar para o Exército Brasileiro, que é dono do terreno do Centro Olímpico de Hipismo.
As competições serão realizadas de amanhã (7) até domingo (9), quando deve haver entrega de prêmios. O evento é fechado ao público.
Segundo o presidente do COB, o hipismo é um esporte em que há grande confiança no desempenho dos atletas nos Jogos Olímpicos. "É um dos esportes em que temos uma confiança muito grande. Pelo trabalho da confederação e dos cavaleiros. E aqui é um palco que eles já conhecem do Pan-Americano. Esperamos que a gente tenha um grande resultado."