Chegada do vírus Zika ao Sudeste é inevitável, diz infectologista

Publicado em 27/11/2015 - 15:12 Por Fernanda Cruz – Repórter da Agência Brasil - São Paulo

A chegada do vírus Zika ao Sudeste é inevitável, segundo o infectologista Ralcyon Teixeira, supervisor do Pronto-Socorro do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo. Ontem (27) foram anunciados dois casos de microcfalia, na capital, em gestantes que vieram de Pernambuco e da Paraíba.

“Há riscos, devido às chuvas, ao calor e à presença do Aedes aegypti [mosquito transmissor do vírus]", disse. De acordo com o infectologista, como há Zika circulando pelo Nordeste, é inevitável que o vírus chegue à região Sudeste. “No final deste ano, é para vir dengue [também transmitida pelo Aedes] com muita força”, acrescentou.

Ralcyon explica que as duas mulheres com casos confirmados em São Paulo já passaram da fase de transmissão do vírus, que dura aproximadamente 11 dias. “Para essas mulheres não há mais riscos, pois ela não têm circulação do vírus no sangue. Assim, não passa para outras pessoas, mesmo com o mosquito as picando”, disse.

Recomendação às gestantes

As mulheres grávidas devem redobrar a atenção para evitar o contato com o Aedes aegypti. Ralcyon disse que pouco se sabe sobre como a infecção chega ao feto durante a gestação. Ele lembra que a formação dos órgãos do bebê ocorre até o segundo trimestre da gravidez. “É o período mais importante. Provavelmente, as infecções mais precoces, no início da gestação, são as que mais comprometem”, disse.

A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Essa condição pode ter diversas causas, como agentes químicos e infecções (caso do Zika). Crianças com microcefalia desenvolvem, em 90% dos casos, algum nível de retardo mental.

Por isso, as gestantes devem ficar atentas aos sintomas do Zika: vermelhidão na pele, dor no corpo, febre, coceira e olhos vermelhos. Além disso, a população precisa ajudar na eliminação do mosquito vetor. “Nunca se tornou tão importante a ideia da prevenção ao mosquito. Não deixar água parada, verificar os focos em casa, usar telas e repelentes de ambiente ou tópicos. A maioria dos focos do Aedes está dentro de casa”, disse Ralcyon.

Ontem, o secretário municipal de Saúde, Alexandre Padilha, também reforçou a necessidade do combate ao mosquito, já que a dengue é potencialmente mais grave para uma gestante do que o vírus Zika. "O que tenho dito é que a dengue é potencialmente mais grave para uma gestante do que o vírus Zika. Temos relatos de óbitos de gestantes com dengue. Temos relatos de aborto no período de infecção por dengue e de comprometimento do feto", disse Padilha.

Edição: Denise Griesinger

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