Campo Olímpico de Golfe recebe torneio e apresenta trabalho de sustentabilidade
Uma das instalações mais polêmicas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o Campo de Golfe recebe hoje (8) sua primeira competição, o Desafio de Golfe Aquece Rio, um evento-teste com nove atletas brasileiros.
A construção, dentro da Área de Proteção Ambiental Marapendi, na zona oeste, gerou críticas e manifestações de ativistas que passaram meses acampados em frente ao terreno da obra. O Ministério Público do Rio de Janeiro MP-RJ) chegou a mover uma ação civil pública em 2014 para questionar a licença ambiental do campo, que foi inaugurado em novembro do ano passado.
A pedido da Justiça, em dezembro um perito visitou o local para avaliar o trabalho de sustentabilidade e, segundo o Comitê Rio 2016, emitiu um laudo em 24 de fevereiro aprovando a preservação da área. A assessoria de imprensa do MP-RJ informou que o órgão ainda vai emitir parecer sobre o laudo.
Segundo o comitê, o terreno estava degradado no início da construção e foi feito um trabalho de recuperação ambiental, ampliando a área preservada em 167%. Espécies nativas como o jacaré de papo amarelo, a coruja buraqueira e o bicho-preguiça podem ser encontradas no local.
Entre os competidores que participam do evento está o campeão do Brasil Open 2015 Alexandre Rocha e Miriam Nagl, que levaria a vaga olímpica brasileira por sua posição no ranking se a disputa fosse encerrada hoje.
De acordo com o ministro do Esporte, George Hilton, a instalação do campo de golfe trouxe benefícios para a área de preservação e seu funcionamento vai estimular o turismo e os negócios em torno do esporte.
Já o presidente do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, considerou que os questionamentos do MP e o trabalho de preservação fazem com que a imagem dos jogos seja mais positiva. "Uma das áreas mais icônicas, um legado extraordinário", acrescentou.
A presença de animais e vegetação nativa de Mata Atlântica gerou alertas dos organizadores à imprensa e aos convidados do evento. Além de cuidados como não fumar e não deixar lixo no campo, pediram para que as pessoas se afastassem dos animais e ninhos de aves e evitassem pisar na vegetação. Ao encontrar uma das espécies, a recomendação é se afastar e avisar à organização.
Segundo a coordenadora de Sustentabilidade da Rio 2016, Carina Flores, mesmo os atletas terão de se afastar dos animais e plantas. Caso a bola caia em uma área com presença de fauna ou flora preservada, ela será recuperada por técnicos, de modo que a jogada seja retomada em outro lugar.
O levantamento da equipe da Rio 2016 revela que há 250 espécies vegetais e 263 animais na região. No início do trabalho, segundo Carina, havia cerca de 130 espécies animais, número que, conforme afirmou, cresceu após as ações de preservação.
"Estamos no meio de um corredor verde, na reserva e perto da Lagoa de Marapendi. Como a área foi recuperada, mais animais entraram em busca de habitat e alimento", afirmou a coordenadora.
O presidente da Confederação Brasileira de Golfe, Paulo Pacheco, destacou que os custos de manutenção do campo crescem por causa dos cuidados com a sustentabilidade.
A confederação ficará responsável pelo local após a Olimpíada e está em um busca de parceiros privados que ajudem a custear os R$ 500 mil mensais com manutenção.
Para Pacheco, a competição será importante para testar a mobilidade dos atletas no campo e os medidores eletrônicos que dão apoio ao esporte. "O campo não precisa ser testado. Na realidade, o campo já está em condições de jogo."
Com o fim dos jogos, a confederação planeja desenvolver um projeto social com crianças de escolas públicas e particulares no campo para a prática gratuita de golfe e aulas de inglês.
Pacheco disse ainda que está em estudo o valor a ser cobrado de quem quiser utilizar o campo, mas adiantou que será "baixo" para residentes no Rio de Janeiro.