logo Agência Brasil
Geral

Empresas de transporte sobre trilhos buscam reduzir tarifa de energia elétrica

Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil
Publicado em 20/07/2016 - 13:43
Brasília
São Paulo - Integração entre o metrô Pinheiros e o trem da Linha Esmeralda (Rovena Rosa/Agência Brasil)
© Rovena Rosa/Agência Brasil
São Paulo - Integração entre o metrô Pinheiros e o trem da Linha Esmeralda (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Negociação envolve governo e empresas transportadoras de passageiros de trens e metrô Arquivo/Agência Brasil

Empresas transportadoras de passageiros de trens e metrôs pedem ao Ministério de Minas e Energia que as tarifas de energia elétrica para o setor sejam reduzidas. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Joubert Flores, a proposta da entidade é que os valores economizados sejam integralmente revertidos em melhorias para o sistema, o que contribuiria para a mobilidade urbana, beneficiando cerca de 10 milhões de usuários transportados diariamente em todo o país.

Na segunda-feira (18), Joubert apresentou ao ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, as sugestões do setor.

“Não estamos pedindo descontos, mas que se estudem as particularidades do transporte metroferroviário. É importante descobrirmos uma forma de as empresas continuarem prestando serviço com qualidade, sem serem oneradas a um ponto quase impossível de absorver”, disse à Agência Brasil o presidente da ANPTrilhos, entidade que representa empresas, associações e operadoras como a Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb) e os metrôs de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Distrito Federal.

De acordo com Joubert, os gastos com energia são o segundo maior item da planilha de custos das operadoras públicas e privadas de transporte sobre trilhos, ficando atrás de mão de obra e à frente de custos com manutenção. Se, até a década de 1990, quando vigorava um desconto de 75% na tarifa de energia elétrica, esses gastos representavam 2% dos custos operacionais totais, hoje, o percentual médio chega a 20%, reduzindo a capacidade de investimento das operadoras metroferroviárias, que, juntas, empregam cerca de 40 mil pessoas.

“Os gastos das empresas com energia praticamente dobraram entre 2013 e 2015. Seria ótimo voltarmos a ter esse desconto, mas não é isso que estamos pleiteando, pois sabemos o momento que o país está vivendo”, acrescentou Joubert. Ele informou que as empresas propõem ao governo que todo o dinheiro economizado com a eventual redução das tarifas de energia elétrica seja reinvestido na melhoria do próprio sistema.

A ANPTrilhos chegou inclusive a sugerir ao Ministério de Minas e Energia que os descontos fossem condicionados à exigência de as empresas de transporte adquirirem bens e produtos da indústria nacional, como forma de estimular a produção local. De acordo com Joubert, o ministro Fernando Coelho Filho mostrou-se sensível ao pleito e prometeu que os técnicos da pasta se reunirão com os especialistas da associação e do setor para estudar a questão.

Para a associação, os benefícios que a desoneração traria para a sociedade seriam maiores que o impacto para o setor de energia elétrica – impactos que o setor considera “insignificantes” perante as vantagens. Em uma publicação que reúne as principais propostas do setor para a elaboração de políticas públicas, a APTrilhos diz que a modernização do setor, com a substituição dos atuais trens por outros mais modernos, possibilitaria reduzir o consumo de energia elétrica entre 25% e 30%.

“Há várias formas de transferir essa economia para o benefício do sistema e dos usuários. A mais fácil é repassar a economia para o valor das tarifas, mas há outras formas mais eficazes e cujo benefício social é mais amplo, como investir na atualização e modernização dos equipamentos, o que geraria maior eficiência energética. E ainda poderíamos associar isso à empregabilidade, estabelecendo que os equipamentos fossem comprados da indústria brasileira”, concluiu Joubert.