Parentes de vítimas de violência policial no Rio fazem ato em frente ao MP

Publicado em 19/04/2017 - 14:41 Por Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil (*) - Rio de Janeiro

Rio de Janeiro -protesto

Familiares de vítimas da violência praticada por agentes do Estado realizaram ato em frente ao Ministério Público do Estado do Rio de JaneiroTânia Rêgo/Agência Brasil

Mães e parentes de vítimas da violência fizeram um ato hoje (19), em frente ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). O objetivo da manifestação - denominada Acorda MP- é criticar a morosidade do órgão na efetiva responsabilização de agentes policiais envolvidos em assassinatos em favelas e periferias da cidade.

A Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, que organizou o protesto, reivindica que o Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) do MPRJ tenha autonomia nas investigações dos homicídios cometidos pela polícia, proporcionando apuração mais especializada e mais rápida dos casos.

Ana Paula Gomes de Oliveira é mãe de Jonathan de Oliveira Lima, que foi morto por um tiro aos 19 anos após um confronto entre moradores da comunidade de Manguinhos, na zona norte da capital, e policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em 14 de maio de 2014.

“O caso do Jonathan teve investigação a partir da nossa luta. Os moradores se mobilizaram para testemunhar o que haviam visto”, disse Ana Paula. “Em dezembro de 2016, o juiz decidiu que o caso vai a júri popular”.

Para Ana Paula, uma parcela da população está sendo exterminada. “O alvo da polícia e do Estado são jovens, negros, pobres, moradores das favelas e periferias", afirmou. “Queremos que esses crimes comecem a ser investigados pelo Gaesp, com mais competência para investigar esses homicídios. Queremos que o Ministério Público e o Judiciário cumpram seu papel”, afirmou.

Tiro de fuzil

Terezinha Maria de Jesus é mãe de Eduardo de Jesus Ferreira, que morreu aos 10 anos, em 2 de abril de 2015, atingido por um tiro de fuzil na porta de casa, no Complexo do Alemão, zona norte da cidade. “Meu filho não era bandido, estudava em um colégio em horário integral, tirava notas boas. Eu venho lutando por justiça e não vou sossegar enquanto o policial não for julgado, condenado e preso”, disse ela. 

No final de 2015, o MPRJ contestou o inquérito da Divisão de Homicídios, que alegava que o policial militar da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Complexo do Alemão deveria ser inocentado pelo assassinato do menino Eduardo. De acordo com a denúncia, o policial teria atirado “de forma livre e consciente”, causando graves lesões em Eduardo Segundo Terezinha, o caso foi arquivado em 29 de novembro do ano passado. “Pedimos ao MP que reveja os casos, não só o meu como o de outras mães, porque há muitos casos arquivados”.

O pedreiro José Luiz Faria da Silva é pai de Maicon de Souza da Silva, morto por um tiro na porta de casa em 15 de abril de 1996, aos 2 anos, após operação da Polícia Militar no Conjunto Amarelinho, em Irajá, no subúrbio do Rio.  “O caso foi arquivado por falta de provas. Já tem 21 anos da morte do Maicon e nada foi feito até agora”.

A Agência Brasil pediu posicionamento ao MPRJ sobre o ato de hoje, mas não recebeu uma resposta até a publicação desta reportagem.

Edição: Kleber Sampaio

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