No Rio, ato contra violência policial e oferta de serviços marcam 1º de Maio

Publicado em 01/05/2017 - 16:11 Por Nielmar de Oliveira - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Em ato na Cinelândia, representantes de sindicatos e movimentos sociais voltaram ao local, no centro do Rio, para protestar contra as reformas trabalhista e da Previdência Social e a repressão policial aos atos de protesto ocorridos na última sexta-feira (28).

 

Rio de Janeiro - Ato convocado pelas centrais sindicais reúne milhares de manifestantes contra as reformas trabalhista e previdenciária, na Cinelândia, região central da cidade (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

No Dia do Trabalho, manifestantes voltam a se reunir na Cinelândia para protestar contra as reformas trabalhista e previdenciária e a violência policialTânia Rêgo/Agência Brasil

O ato de hoje, que marca o Dia do Trabalho, onde centenas de pessoas ocupam as escadarias da Câmara de Vereadores, onde na última sexta-feira (28) a polícia usou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersão dos manifestantees, causando um corre-corre.  Sindicalistas, lideranças sociais e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acusam a Polícia Militar de ter agido de forma excessiva e ter inviabilizado o comício, que marcaria o fim da greve geral na cidade.  Em nota, a PM diz que agiu para combater a ação de vândalos. No mesmo dia, grupo de manifestantes e policiais se enfrentaram em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alejr) e ônibus foram incendiados em outro ponto da cidade.

Na Cinelândia, trabalhadores e manifestantes portam hoje faixas e cartazes para protestar contra a “violência policial” ocorrida na última sexta-feira.

Em meio aos parlamentares, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB), discursou criticando as reformas propostas pelo governo federal e contra a ação da polícia. “O ato de hoje, ocorrendo na Cinelândia após os incidentes e a violência policial da última sexta-feira, torna-se ainda mais simbólico neste 1º de Maio. Nós estamos dizendo ao governo do estado e a Policia Militar que está praça é do povo e não da polícia. E que nós a ocuparemos sempre que for preciso”. Participaram da manifestação parlamentares do PT, como o senador Lindberg Farias e Wadih Damous (ambos do PT do RJ).

A deputada federal disse que os parlamentares e as lideranças sindicais irão denunciar os “atos de violência” da polícia em órgãos internacionais de direitos humanos, inclusive na Organização dos Estados Americanos (OEA).

As manifestações de hoje ocorrem de forma pacífica, apesar de a segurança ter sido reforçada nas imediações da Cinelândia, com a presença da PM e da Guarda Municipal.

Pouco depois das 13h, houve um princípio de tumulto envolvendo, segundo o locutor do evento, integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) que defendiam a volta da monarquia. O homem foi hostilizado por outros manifestantes. A confusão foi controlada e o ato teve continuidade. 

Boulevard Olímpico

No outro extremo do centro do Rio, na Praça Mauá, como parte das comemorações pelo 1º de Maio, a prefeitura promove prestação de serviços em comemoração ao Dia Mundial do Trabalho, além de shows de artistas como Michael Sulivan e Xande de Pilares.

No loca, diversas secretarias do município e o Detran farão intermediação de mão de obra – recebendo inscrições de candidatos para serem encaminhadas para vagas de empresas, emissão de protocolo de Carteira de Trabalho, de identidade e agendamento de atendimento na Defensoria Pública para, por exemplo, agendare casamento civil gratuito.

Desempregado, o alagoano Valdecir Afonso de Freitas, de 49 anos, foi ao evento em busca de trabalho. “Sou caminhoneiro e estou desemprego há nove meses. Há sete, estou no Rio. Estava recebendo o seguro-desemprego, mas acabou. Dei entrada e agendei a retirada da minha nova carteira profissional. Estou aceitando qualquer coisa: motorista de caminhão, de ônibus, de madame, porteiro e até de vigilante, pois tenho curso para tal”, disse, que integra o contingente de mais de 14 milhões de desempregados no país. 

Situação semelhante da jovem Mariana Dinis, de 25 anos. Desempregada há quatro meses e ainda recebendo o seguro-desemprego, estava na fila procurando uma nova chance. “O ideal é que consiga alguma coisa na área administrativa, pois perdi o emprego onde estava há quatro anos e meio”.

Também desemprego e vivendo de trabalhos informais, Denilsom Douglas, de 50 anos, aproveitou para tirar, sem pagar, uma nova carteira de identidade – serviço fornecido pelo Detran. “A situação está complicada e não consigo atualmente nem mesmo os bicos habituais. Todo lugar que se chega a procura de alguma coisa a resposta é sempre a mesma: não tem nada para você”.

Já o morador de Ramos, André Henrique Rodrigues, de 47 anos, estava na fila da Defensoria Pública para agendar o casamento civil gratuito. “Tenho que me inscrever e eles me encaminham para levar a documentação no cartório para poder me casar sem custo nenhum”.

Edição: Carolina Pimentel

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