PE: Chuva aumenta nível de reservatórios, mas região mais seca não é beneficiada

Publicado em 30/05/2017 - 16:49 Por Sumaia Villela - Correspondente da Agência Brasil - Recife

Barragem do Jucazinho continuou seca, mesmo após temporais que atingiram Pernambuco

Barragem do Jucazinho continuou seca, mesmo após temporais Compesa/ Divulgação

O grande volume de chuvas que caiu em Pernambuco no fim de semana, que causou enchentes e transtornos em mais de 20 municípios, afetou também o sistema de abastecimento de água do estado. Por um lado, reservatórios que estavam baixos tiveram suas reservas aumentadas, enquanto panes provocaram o desabastecimento em grandes regiões. Apesar disso, a área mais afetada pela crise hídrica, o Agreste Central, não foi beneficiada pelos temporais.

Apesar do aumento registrado no volume de diversos reservatórios do estado, na região mais afetada pela crise hídrica, o Agreste Central, o quadro permanece o mesmo. A principal barragem, de Jucazinho, continua em colapso (totalmente seca), já que a chuva não atingiu a bacia do rio Capibaribe, que abastece o reservatório.

“No Agreste Meridional – nas barragens de Cajueiro, Mundaú, de Unas, realmente a gente está numa situação bastante feliz com a chuva que está caindo. No entanto, no Agreste Central, onde temos a menor disponibilidade hídrica de Pernambuco, não apresentou resultado”, compara o gerente de Controle Operacional da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), Daniel Genuníno.

Com capacidade de 327 milhões de metros cúbicos de água, Jucazinho está seca desde setembro de 2016. O sistema abastece os municípios de Santa Cruz do Capibaribe, Riacho das Almas, Cumaru, Passira, Salgadinho, Casinhas, Surubim, Vertentes, Vertente do Lério, Santa Maria do Cambucá, Frei Miguelinho, Toritama, Caruaru, Bezerros e Gravatá, além de diversos distritos e povoados dos 15 municípios que fazem parte do sistema integrado.

Melhora nos níveis

Volume da Barragem do Prata subiu após chuvas que atingiram Pernambuco

Volume da Barragem do Prata subiu após chuvas que atingiram PernambucoCompesa/ Divulgação

Uma das barragens mais impactada pelas chuvas foi a do Prata, que abastece seis municípios do Agreste pernambucano: Caruaru, Agrestina, Santa Cruz do Capibaribe, Ibirajuba, Altinho e Cachoeirinha. De acordo com a Compesa, na última sexta-feira (26) o reservatório estava com 9,8% de sua capacidade, volume considerado baixo. No domingo, já registrava 44,79%, e hoje (30) alcançou 52,41%. Em condições normais, as cidades abastecidas pela barragem sofrem com a estiagem. Em Caruaru, que tem 350 mil habitantes, há um rodízio de abastecimento de cinco dias com água na torneira e 20 dias sem uma gota. Em Santa Cruz do Capibaribe, são dois dias com e 28 dias sem água.

O sistema, no entanto, teve uma pane elétrica por causa da chuva e ainda retorna aos poucos à normalidade. Em alguns bairros de Caruaru a água já voltou às torneiras, mas com pouca pressão.  Já o sistema de Pirangi, que é integrado à Barragem do Prata para compensar o baixo volume do reservatório, só deve voltar a funcionar no próximo fim de semana. De acordo com a Compesa, só será possível recalcular o sistema de rodízio – ou mesmo saber se ele ainda será necessário – quando tudo voltar a operar normalmente.

Já a barragem de Taquara, que estava em colapso, registrou 31% no volume do reservatório após as chuvas, o que corresponde a cerca de 400 mil metros cúbicos de água, segundo a Compesa. Na região metropolitana do Recife, o principal reservatório, a barragem de Pirapama, com capacidade de 61 milhões de metros cúbicos, saltou de 59,39% para 83,39% nos últimos três dias. Ela atende cerca de 2 milhões de pessoas e é responsável por cerca de 60% do abastecimento da capital pernambucana, além do município de Jaboatão dos Guararapes, um dos maiores do estado.

Desabastecimento

Pirapama também sofreu pane no fim de semana, mas o gerente de Controle da Compesa informou que o problema já foi resolvido. Na Zona da Mata Sul, onde muitos municípios sofreram grandes prejuízos com a chuva, sistemas isolados também foram afetados e, segundo o gerente, o abastecimento volta ao normal gradualmente.

Já em locais específicos da região metropolitana do Recife a população ainda não tem água na torneira. Um dos destinos turísticos mais famosos do Brasil, Porto de Galinhas ainda aguarda diagnóstico para que, se tudo der certo, conforme Genuíno, a água retorne às torneiras na quinta-feira. “O rio está muito alto e não conseguimos chegar e elaborar plano de recuperação”, afirma.

 

Edição: Amanda Cieglinski

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