Prefeitura de São Paulo quer remover favela que fornece drogas para Cracolândia
A prefeitura de São Paulo quer remover os moradores da Favela do Moinho, na região central da cidade. A comunidade, erguida sob o Viaduto Orlando Murgel, é apontada pela polícia como a principal fornecedora de drogas para a Cracolândia, também no centro da capital paulista, região onde se concentram dependentes químicos. Conforme a prefeitura, traficantes usam a área para comércio de drogas e para guardar armas.
De acordo com a prefeitura, o projeto ainda está em fase de estudos, realizados em conjunto pela Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) e pela Companhia Metropolitana de Habitação (COHAB-SP). “Em fase ainda embrionária de projeto, os técnicos atuam na identificação das melhores alternativas para os moradores do local. Este trabalho é feito em sintonia com os demais órgãos públicos envolvidos na questão e será apresentado à sociedade assim que existirem propostas concretas”, informou a prefeitura em nota.
O prefeito João Doria quer acabar com a concentração dos usuários de crack pela cidade. Em fevereiro, ele disse que retiraria usuários de drogas das áreas conhecidas como cracolândias ainda no primeiro semestre deste ano. “A cracolândia da Luz e as outras sete existentes [em São Paulo] merecem tratamento que envolve o campo dessas sete atuações, por isso, julgamos como de fundamental importância a ação conjunta entre governo federal, estadual, municipal, sociedade civil, promotoria pública e OAB [Ordem dos Advogados do Brasil]”, ressaltou Doria.
Em maio, logo após uma megaoperação policial ter destruído as barracas improvisadas do chamado fluxo, houve uma dispersão da população da Cracolândia pela cidade. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) contabilizou pelo menos 22 pontos de concentração dessa população na região central.
Após a ação, a Praça Princesa Isabel se consolidou como a maior aglomeração de usuários. No dia 11 de junho, uma nova operação, dessa vez na própria praça, destruiu as barracas improvisadas e prendeu dois homens acusados de tráfico de drogas. Os usuários de drogas que estavam concentrados na Praça Princesa Isabel foram para a esquina da Rua Helvetia, próximo à Estação Julio Prestes, no último dia 21. O local atual é quase o mesmo ponto à época da primeira ação.
Desabrigados
Ontem (3), na tarde considerada até agora a mais fria do ano em São Paulo, a prefeitura retirou os 40 colchões que faziam parte da estrutura da tenda de assistência social da Rua Helvétia, no centro da cidade.
A tenda foi criada para acolher usuários de droga durante o programa Braços Abertos, da gestão do ex-prefeito Fernando Haddad. Segundo a prefeitura, o espaço funcionou 24 horas como medida emergencial antes de as duas unidades de Atendimento Diário Emergencial (Atende) serem inauguradas.
A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social informou que desde o dia 8 de junho foram abertas duas unidades Atende para pessoas em situação de rua na região da Luz. No entanto, não esclareceu porque os 40 colchões foram retirados.
“As unidades de Atendimento Diário Emergencial possuem 250 leitos instalados nas áreas internas das estruturas. O horário de atendimento da Tenda Helvetia é das 8h às 21h e apenas funcionou 24 horas como medida emergencial antes de as duas unidades da Atende serem inauguradas. O serviço na Tenda é para agregar as equipes de assistência social e de saúde a construção de vínculo oferecendo diversas oficinas socioeducativas. Se houver procura por vagas de acolhimento, os usuários serão encaminhados aos Centros de Referência Especializado para População em Situação de Rua”, informou a prefeitura em nota.
A primeira unidade Atende oferece espaços de descanso, banheiros e refeitório. A unidade já contabilizou 17.302 atendimentos, oferecendo pernoite, café, almoço, jantar e lanches.
Balanço
De acordo com balanço da prefeitura divulgado ontem (3), a nova Atende, que começou a funcionar na quinta-feira (29) na Praça Julio Prestes, realizou 1.861 atendimentos – entre alimentação, banhos e pernoites – a usuários de drogas.
Segundo o boletim, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Redenção, unidade que começou a funcionar em 26 de maio, conta com dois psiquiatras de plantão 24 horas. Desde o início do funcionamento da unidade, 906 pacientes foram atendidos.