Rio faz 576 transplantes de córneas até agosto e bate recorde do ano passado
O Programa Estadual de Transplantes (PET) do Rio de Janeiro alcançou o recorde de 576 transplantes de córneas realizados este ano, até agosto, superando o número de procedimentos feitos no passado (575). Em agosto, foram feitos 106 transplantes de córneas, suplantando também o recorde anterior de 96 procedimentos. O anúncio foi feito hoje (5), na capital fluminense.
Para o coordenador do PET, médico urologista Gabriel Teixeira, os dois recordes são resultado de uma série de ações iniciadas a partir de 2010. Entre elas, destacou o fortalecimento dos centros transplantadores, reestruturação da fila, estruturação do programa, melhoria na capacidade de busca pelas córneas. “Enfim, uma série de fatores que culminaram com essa melhora dos números. Isso é reflexo de bastante trabalho ao longo dos anos”.
Já o número de pacientes em fila não mudou tanto. Gabriel Teixeira disse que cerca de mil pacientes aguardam a doação de córneas. “O que mudou foi a transportabilidade do estado”. Em 2010, a demora para receber uma córnea era em torno de dez anos. Hoje, está entre um ano e um ano e meio. “O nosso sistema hoje funciona, e diferente do que acontecia no passado, os pacientes ficam no estado para fazer o transplante. Isso acabou trazendo mais doentes para a nossa fila”. Embora o número de pacientes em fila não tenha mudado muito, Teixeira assegurou que é uma fila “que anda”.
Parceria
O PET tem parceria com o Banco de Olhos do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into) e o Banco de Olhos de Volta Redonda, situado no Hospital São João Batista, o que favorece a captação de córneas para os pacientes na fila. “São grandes parceiros nossos nessa empreitada”. Os bancos participam do processo de validação das córneas, que são buscadas em pacientes com morte encefálica ou por parada cardíaca. Esses casos são notificados à Central de Transplantes que, junto com os dois bancos de olhos, procede à validação. Cumprida essa etapa, os bancos fazem a captação das córneas que são disponibilizadas ao sistema de transplantes. “O papel desses bancos é muito importante, em parceria com o Programa de Transplantes”, disse o médico.
Teixeira explicou que, no Brasil, a doação de órgãos e tecidos é consentida, isto é, a família de um doador tem que autorizar a doação no momento em que ele vier a morrer. Por isso, disse que é muito importante que a sociedade converse sobre o assunto “porque a única chance de você se tornar um doador é que sua família saiba que você tem essa vontade e, na hora do óbito, faça essa autorização. Isso é fundamental”. Se o corpo da pessoa falecida não estiver refrigerado, a captação das córneas tem que ser feita até seis horas após o óbito. Estando refrigerado, o tempo para captação se estende até 12 horas, informou o coordenador do PET.
Meta
A meta estabelecida no início deste ano para o PET oscilava entre 600 e 700 transplantes de córneas. Gabriel Teixeira avaliou que faltando quatro meses para o final do ano, a meta anual já foi quase alcançada. “A gente imagina que 2017 vai fechar com mais de 800 procedimentos no ritmo que estamos hoje, o que é um resultado bastante expressivo”.
O estado do Rio de Janeiro vem procurando aperfeiçoar o esquema de transplantes que, segundo Teixeira, “no passado não funcionava; não conseguia atender as demandas da população”. Em 2010, eram feitos 80 transplantes por ano. Este ano, em agosto, foram feitos 106 procedimentos.
O coordenador do PET disse que alguns estados, como São Paulo, Paraná, Ceará, já estão com a fila zerada, ou seja, os pacientes ficam na fila de espera cerca de três meses, tempo em que são preparados para o transplante. “A gente tem muito trabalho pela frente, mas entende que está no caminho correto”. Ele acredita que em um ou dois anos, o Rio de Janeiro conseguirá estar em um ritmo de crescimento apropriado para manter a fila zerada.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, a indicação para fazer um transplante de córnea é feita quando são detectadas alterações ou perda de uma ou mais de suas características (curvatura, regularidade e transparência). A principal causa de transplantes de córnea no Brasil é o ceratocone, patologia que prejudica o formato da córnea.