MPRJ quer apurar responsabilidade por atos violentos em jogo de futebol

Publicado em 14/12/2017 - 18:13 Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) encaminhou hoje (14) ofícios para diversas instituições, pedindo a apuração de responsabilidade pelos atos violentos ocorridos antes e depois do jogo de ontem entre o Flamengo e o clube Independiente, da Argentina, pela Copa Sul-americana, no Maracanã. O confronto envolveu torcedores rubro-negros.

O Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (GAEDEST) do MPRJ quer informações ainda sobre os tumultos ocorridos, na quarta-feira (13), no entorno do Hotel Hilton, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, onde o time argentino estava concentrado. O órgão encaminhou DVDs com imagens que classifica de práticas criminosas.

As gravações das imagens de dentro e de fora do estádio foram encaminhadas à Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa do Consumidor e Contribuinte, do MPRJ, à 18ª Delegacia de Polícia do bairro do Maracanã, à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e à Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). Já as gravações referentes ao Hotel Hilton foram para a 16ª DP, da Barra da Tijuca.

Nos documentos em que pede a instauração de inquéritos policiais, o MPRJ indica que “é necessária uma investigação profunda acerca dos fatos ocorridos para identificar e a punição dos criminosos que se travestem de torcedores para espalhar o caos, o medo e a desordem no seio social, de modo a restabelecer a paz pela qual nossa sociedade tanto anseia”.

O Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor do MPRJ pede à CBF, ao STJD e à Conmebol, a adoção de providências enérgicas e efetivas para identificar os responsáveis diretos e indiretos pelos “atos deploráveis e odiosos”, visando sua punição nos âmbitos desportivo e administrativo como forma de prevenção à violência nos estádios.

Flamengo

Em nota, o Clube de Regatas do Flamengo expressou indignação com os fatos violentos de ontem e se solidarizou com todos os torcedores que "de alguma maneira foram afetados pela selvageria, violência e falta de cidadania daqueles que provocaram tumulto antes e depois da partida”. O time criticou o esquema de policiamento montado para a partida que teria a definição do campeão sul-americano.

“Um jogo decisivo do Flamengo, com lotação máxima apresenta muito maior risco e complexidade no que diz respeito ao acesso de torcedores do que uma partida de Copa do Mundo, em função das diferenças de perfil dos públicos envolvidos. Em compensação, a mobilização e o planejamento dos órgãos públicos para uma partida como a de ontem é incomparavelmente menor do que o realizado nos jogos do Mundial de 2014”, apontou.

Segundo o clube, nas reuniões operacionais antes da partida, o Comando Maior da Polícia Militar, o Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (GEPE), o 6º Batalhão (Tijuca) e a Guarda Municipal foram notificados para que fosse empregado o maior efetivo possível diante do grande apelo da partida. Além disso, havia quase mil seguranças privados contratados para atuar internamente no estádio.  O Flamengo propôs se unir aos órgãos públicos para encontrar soluções no emprego do efetivo adequado de policiamento em seus jogos decisivos no Maracanã, com planejamento e bloqueios de ruas compatíveis com o tamanho das partidas.

O time destacou que o início do tumulto antes do jogo foi provocado por torcedores sem ingressos que tentavam entrar no estádio o que, na avaliação do Flamengo, “infelizmente é um hábito comum e histórico em todas as partidas de grande apelo do clube no Maracanã”. Já a confusão registrada após o jogo, segundo o clube, foi “fruto da frustração de torcedores com o resultado, mas de forma alguma se justifica. Torcedores que amam o clube, suas famílias, além de profissionais atuando no jogo não podem ficar reféns, retidos no estádio, em função da ação de selvagens”, condenou.

Maracanã

A Concessionária Maracanã, responsável pelo estádio, informou que “atendendo a um pedido dos próprios clubes, o atual modelo de realização de jogos prevê que toda a operação das partidas, incluindo segurança, alimentação, venda de ingressos, controle de acesso e outros, é de responsabilidade dos times desde 2016”. Os custos dos prejuízos causados às dependências do estádio, com diversas áreas destruídas como banheiros e filas de cadeiras para os torcedores ainda não foram calculados. O Flamengo confirmou à Agência Brasil que pagará pelos prejuízos ao Maracanã.

*texto ampliado às 20h42 para incluir o posicionamento do Flamengo e da Concessionária Maracanã

Edição: Maria Claudia

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