Milícia faturava cerca de R$ 300 milhões por ano no Rio, diz delegado

Publicado em 25/04/2018 - 19:26 Por Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O grupo de milicianos que atua na zona oeste do Rio, alvo de operação da Polícia Civil nesta quarta-feira (25), chegava a faturar cerca de R$ 25 milhões por mês, ou cerca de R$ 300 milhões por ano, segundo estimativa do chefe de Polícia do estado, delegado Rivaldo Barbosa. Na ação, desencadeada desde o início da manhã na região de Santa Cruz, foram presas 18 pessoas e apreendidas 30 vans que eram usadas pela milícia Liga da Justiça no transporte irregular de passageiros.

“Dados iniciais de nosso setor de lavagem de dinheiro e da inteligência dispõem que naquela localidade e em Campo Grande eles faturam, aproximadamente, R$ 25 milhões por mês. Se fizer um cálculo anual, chega-se a R$ 300 milhões. Essa organização criminosa, além do poder bélico, tem o poder econômico”, destacou o delegado.

Os delegados Fábio Barucke, Rivaldo Barbosa e Gilberto Ribeiro falam sobre a Operação Nocaute, realizada para combater a atuação da milícia no Rio de Janeiro.
Delegados (no centro o chefe da Polícia do estado) detalham operação de combate à milícia no Rio de Janeiro (Fernando Frazão/Agência Brasil)

 

Em entrevista à imprensa para detalhar a operação, o delegado pediu que a população denuncie grupos de milicianos. Segundo ele, a milícia é o grupo criminoso que mais cresce no estado, praticando diversos crimes, como homicídios, roubos, latrocínios, tráfico de drogas, exploração do transporte clandestino, pirataria de sinais de internet, venda de botijões de gás e até grilagem de terras.

“A Polícia Civil assume o compromisso de combater diuturnamente a ação do crime organizado, em especial a milícia. As pessoas que vivem naquelas áreas, seja Santa Cruz ou Campo Grande, podem confiar na polícia, que nós não daremos trégua ao crime organizado. Faremos tudo o que for possível para que aquelas pessoas voltem a ter dias melhores. Nós vamos prender essas pessoas que se arvoram em praticar extorsões, mortes, roubo e vender drogas”, afirmou.

Questionado sobre o que levou a Polícia Civil a intensificar o combate à milícia, criminosos que já atuam há cerca de 20 anos no Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa disse que hoje existe um planejamento estratégico focando neste tipo de ação.

“A gente hoje tem um planejamento estratégico de combate ao crime organizado denominado milícia. Uma vez que nos últimos anos a milícia quase que dobrou de atuação no estado do Rio. A Polícia Civil tem um planejamento estratégico e nós vamos cumpri-lo integralmente”.

Já um delegado, que não quis se identificar, disse à reportagem que, com a intervenção federal e o comando do Exército, há maior liberdade e independência para ação da polícia, que antes estava sob comando do governo estadual e influência política. Conforme o delegado, a milícia também passou a atuar em conjunto com uma facção criminosa, visando o tráfico de drogas. Segundo ele, atualmente, as maiores fontes de renda dos milicianos são o transporte clandestino de vans e a grilagem de terras, que são loteadas e vendidas.

Edição: Carolina Pimentel

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