Rio: escoltas de caminhões-tanque negociaram para passar por bloqueios

Publicado em 28/05/2018 - 16:01 Por Nielmar de Oliveira – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

O porta-voz do Comando Militar do Leste (CML), coronel Carlos Cinelli, disse que as 26 escoltas de caminhões-tanque feitas durante a madrugada de hoje (28)  foram viabilizadas a partir de negociações “bem sucedidas” entre as lideranças dos caminhoneiros, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e os próprios agentes das forças de segurança. Cinelli disse que os problemas decorrentes dos bloqueios feitos pelos caminhoneiros à frente da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense, principalmente nos últimos dias, estavam todos sendo resolvidos na base do diálogo. “Uso da força apenas como último recurso. Negociar é a chave para o retorno à normalidade”, disse.

Desde o final de semana, tropas federais ocupam parte das instalações físicas da Reduc, onde está sendo estabelecida pelos militares uma central de escoltas e controle de saída de veículos. A finalidade desse procedimento é sistematizar o fluxo de abastecimento e alocar os meios necessários à segurança dos comboios destinados aos diferentes pontos do estado, dentro das prioridades estabelecidas pelo Gabinete de Gestão de Crise.

Apesar do acordo firmado ontem (27) entre o governo federal e as lideranças dos caminhoneiros, na manhã desta segunda-feira, ao longo das principais rodovias federais que cortam os estados, era possível ver caminhões estacionados em pontos estratégicos dos acostamentos de diversas rodovias, como era o caso do trecho norte da BR-101 – que liga os municípios do Rio de Janeiro a Campos dos Goytacazes, principalmente no trecho de Itaboraí, nas imediações do Trevo de Manilha.

Nas imediações da Reduc, também havia concentração e manifestações esporádicas de caminhoneiros, embora os caminhões-tanque saíssem da refinaria sem passarem por nenhuma barreira ou hostilidade física por parte dos manifestantes.

Um grupamento de militares da Polícia do Exército reforça segurança no entorno da Refinaria Duque de Caxias (Reduc)
O porta-voz do Comando Militar do Leste (CML), coronel Carlos Cinelli, disse  que os problemas decorrentes dos bloqueios à frente da Reduc estavam sendo resolvidos na base do diálogo- Tânia Rego/Agência Brasil

Sindicatos

Em nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência do Estado do Rio de Janeiro (Sindestado-RJ) informou que, até por volta das 10h30 da manhã desta segunda-feira, nenhum posto estabelecido no interior fluminense recebeu carregamento de combustíveis.

“Aproveitamos a oportunidade para assinalar que, a partir do momento em que os postos começarem a ser reabastecidos, estimamos que a situação geral só estará normalizada num período de cinco a sete dias”, diz o sindicato na nota.

Já o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes e de Loja de Conveniência do Município do Rio de Janeiro (Sindcomb) informou à Agência Brasil que a situação do ponto de vista do abastecimento ainda é insignificante em relação à demanda de postos e motoristas.

De acordo com o Sindicomb, dos cerca de 830 postos filiados ao sindicato, apenas seis ou sete receberam o produto e, ainda assim, em volume limitado à 5 mil litros de cada combustível. O presidente do sindicato, Antônio Barbosa Ferreira, disse que a situação levará entre quatro a cinco dias para ser normalizada após a chegada do combustível aos postos. “Este não é o caso, uma vez que há bloqueios esporádicos em alguns pontos e as distribuidoras vem encontrando problemas para entregar o produto, apesar do anunciado acordo firmado com o governo e o consequente fim da greve”, disse.

O Sindcomb informou que a média entregue a estes postos é de 5 mil litros de cada tipo de combustível. A exceção é o posto da Central Irajá, no Trevo das Margaridas, na Avenida Brasil, onde foram entregues 55 mil litros de combustíveis. O produto veio em dois caminhões-tanque provenientes da Base de Distribuição da Shell, em Campos Eliseos,  Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Segundo o sindicato, os outros postos que receberam combustíveis tiveram os produtos limitados a 5 mil litros de cada combustível: gasolina, diesel e etanol. Esta será a quantidade que o sindicato disponibilizará a todos os postos que forem abastecidos nesta segunda-feira.

Federação das empresas

A Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), informou há pouco, em nota, que o “abastecimento de combustível começou a ser normalizado nesta segunda-feira, permitindo a retomada gradativa da operação em todo o estado”.

Segundo a nota, a normalização se deu graças ao apoio das forças de segurança. “As empresas receberam as primeiras remessas de óleo diesel ainda de madrugada, com a distribuição sendo intensificada durante a manhã”.

De acordo com a Fetranspor, a expectativa é normalizar a operação ao longo do dia e na terça-feira (29), caso o abastecimento não seja interrompido novamente. Neste momento, afirma a entidade, “a frota em circulação é de aproximadamente 40%, com tendência de aumento no decorrer do dia. Nas regiões mais afetadas pela falta de combustível, a operação chega a 20% do total de ônibus”.

Edição: Fábio Massalli

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