Morador de Brasília é preso acusado de feminicídio

Mulher morreu após cair do 3º andar; marido foi encontrado embriagado

Publicado em 07/08/2018 - 11:13 Por Letycia Bond* – Repórter da Agência Brasil - Brasília

Um morador da Asa Sul, na região central de Brasília, foi preso no início da noite de ontem (7), suspeito de assassinar sua companheira no imóvel do casal.

A Polícia Militar informou que a corporação foi acionada por vizinhos da vítima, Carla Grazielle Rodrigues Zandoná, 37 anos, que foi encontrada no pátio do prédio, na 415 sul, após cair do terceiro andar. Em estado de saúde gravíssimo, a mulher foi socorrida por uma vizinha, cabo do Corpo de Bombeiros, e levada ao Hospital de Base do Distrito Federal. Ela morreu em seguida.

Segundo a PM, o marido da vítima, Jonas Zandoná, 44 anos, foi encontrado no apartamento do casal, embriagado e empunhando uma faca. Ele foi imobilizado pela equipe de policiais que arrombou a porta do local. O acusado foi encaminhado à 1ª Delegacia de Polícia. Questionado, o homem afirmou à polícia que não sabia o que havia acontecido.

Testemunhas ouvidas pelos policiais comentaram que o casal tinha brigas constantes, o que intensifica os indicativos de que a vítima estava sendo submetida a um ciclo de violência doméstica. A Polícia Civil, que classifica o crime como feminicídio – homicídio motivado por misoginia, isto é, ódio e desprezo contra mulheres – , informa que, após ter sido autuado, Jonas teria dito na delegacia a outro preso que ele estava ali por ter matado a esposa.

A hipótese de feminicídio toma força diante do depoimento de uma testemunha que sustenta que, ao presenciar a queda da mulher, interfonou para o apartamento do casal. O marido atendeu a ligação, mas desligou logo depois.

De acordo com a corporação, o homem deverá responder por homicídio triplamente qualificado, cometido por motivo torpe, por uma questão de gênero e por ter impossibilitado a defesa da vítima.

Os policiais vão verificar se existem imagens no local que possam esclarecer o caso. O casal, destacou a Polícia Civil, tem um filho, já maior de idade.

Outro caso

O episódio ocorre um dia após o Ministério Público do Paraná (MP-PR) apresentar denúncia contra o biólogo Luís Felipe Manvailer pelo assassinato de sua esposa, a advogada Tatiane Spitzner. Ela foi encontrada morta, no dia 22 de julho, depois de cair do 4º andar do prédio onde o casal morava, em Guarapuava, interior do estado. No entendimento da 10ª e da 12ª Promotorias de Justiça de Guarapuava, Manvailer deve responder por feminicídio, crime considerado hediondo no Brasil, desde 2015.

Imagens do circuito de segurança do prédio captaram diversas agressões feitas pelo marido momentos antes da queda de Tatiane. A hipótese trabalhada pelos investigadores foi de que Manvailer, após arremessá-la, caminhou até o térreo, recolheu o corpo e arrastou-o de volta para o apartamento.

Horas depois de deixar o prédio, ele foi preso por policiais, após adormecer ao volante e perder o controle do carro, na BR-277, que liga São Miguel do Iguaçu a Foz do Iguaçu (PR). Segundo o MP-PR, o homem planejava fugir do Brasil, pela fronteira do país com o Paraguai.

O MP-PR destaca que, além de configurar feminicídio, o crime foi cometido por motivo fútil, morte mediante asfixia e uso de meio que dificultou a defesa da vítima. Ao homem também estão sendo imputados os crimes de cárcere privado, por ter impedido a saída da esposa do apartamento, e fraude processual, por terremovido o corpo da vítima do local da queda e vestígios de sangue deixados no elevador.

Embora o Paraná não figurasse entre as unidades federativas com piores índices de violência contra mulher no Mapa da Violência 2015, ocupando apenas a 17ª posição, dados mais atuais destacam o estado como um dos que apresentaram maior crescimento de feminicídios ocorridos entre 2016 e 2017. De acordo com levantamento do Conselho Nacional de Justiça, o estado registrou, no ano passado, a maior proporção de casos de feminício no país, com 13 casos a cada 100 mil mulheres. O Distrito Federal acompanhou a tendência do Paraná e vem em quarto lugar com cinco ocorrências a cada 100 mil mulheres. 

 

*Matéria ampliada às 12h25

Edição: Lílian Beraldo

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