Dilma anuncia ida aos EUA e indica que crise de espionagem foi superada
A presidenta Dilma Rousseff viajará aos Estados Unidos no dia 30 de junho para uma visita de trabalho que marca a retomada da relação entre os dois países, abalada pelo escândalo de espionagem de 2013.
A revelação de que a Agência Nacional de Segurança (NSA) havia espionado as comunicações de Dilma e da Petrobras levou a presidenta a cancelar o encontro de outubro de 2013, marcado com o presidente norte-americano, Barack Obama, em Washington. No final da 7ª Cúpula das Américas, neste sábado (11), Dilma e Obama tiveram uma reunião e deram a crise por superada.
“O governo americano disse que os países irmãos não seriam espionados”, disse Dilma Rousseff, em entrevista após o encontro com Obama. “E Obama falou para mim que, quando ele quiser saber qualquer coisa, ele liga para mim. Eu não só atendo como fico muito feliz.”
Segundo Dilma, ao Brasil interessa discutir a cooperação nas áreas de educação, defesa, aeronáutica e comércio, além da adoção de políticas para desenvolver energia limpa e combater os efeitos das mudanças climáticas que este ano castigaram vários países – inclusive os Estados Unidos, “que viveram o pior inverno da história” e o Brasil, atingido pela seca na Região Sudeste.
“Precisamos assumir a responsabilidade de liderar esse processo”, destacou Dilma, referindo-se à necessidade de coordenar políticas entre a Índia, China, União Europeia, os Estados Unidos e o Brasil, para garantir o sucesso da Conferência do Clima, que será realizada em dezembro em Paris.
O Brasil e os Estados Unidos também poderiam cooperar no desenvolvimento de energia limpa. "O Brasil avançou muito na energia eólica, mas não na energia solar, que é cara”, disse a presidenta.
“O Brasil é, obviamente, não apenas um dos países mais importantes do hemisfério, mas um líder muito importante. Então, eu espero com muita satisfação por esse encontro em que vamos discutir temas como mudança climática, energia, educação, ciência e tecnologia”, disse Obama, antes do encontro com Dilma.
Na entrevista, a presidenta contou aos jornalistas que a edição deste ano da Cúpula das Américas foi realmente marcada pela concórdia. “Dava para sentir”, resumiu ela. Dilma fez questão de ressaltar a importância da reaproximação dos Estados Unidos e Cuba, encerrando mais de 50 anos de um confronto que contribuiu para dividir a região.
Mas nem todos os líderes que discursaram na cúpula manifestaram a mesma confiança em relação a essa nova etapa no relacionamento entre os Estados Unidos e os seus 33 vizinhos latino-americanos. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse que estava disposto a conversar com Obama, mas que “não confiava” nele e exigiu a suspensão do recente decreto declarando a Venezuela “ameaça à segurança nacional” dos Estados Unidos.
Dilma não conversou com o presidente dos Estados Unidos sobre a Venezuela, mas disse que “Maduro e Obama têm condições para traçar um caminho para voltarem aos bons tempos”. Segundo ela, a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) está empenhada em promover o diálogo entre o governo venezuelano e a oposição.
Segundo ela, “a tranquilidade e a institucionalidade” na Venezuela interessam a toda a região. “Uma ruptura pode levar a um conflito sangrento”, que prejudicaria a todos, disse Dilma.