Chanceler venezuelana tenta entrar na reunião do Mercosul e reclama de boicote
A reunião extraordinária do Conselho do Mercado Comum (CMC) do Mercosul, nesta quarta-feira (14), em Buenos Aires, foi marcada por uma certa tensão, por causa da crise entre a Venezuela e os demais países do bloco. Isto porque os quatro países fundadores do Mercosul - Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai - enviaram uma comunicação à Venezuela no dia 1º de dezembro informando a suspensão do país no bloco, que não poderia portanto participar da reunião.
Apesar disso, e numa clara afronta à decisão, a chanceler venezuelana Delcy Rodriguez, representante do governo de Nicolás Maduro, chegou na manhã de hoje à capital argentina com a intenção de participar do encontro, ao lado de seu homólogo boliviano, David Choquehanca. Segundo ela, houve um boicote ao seu país - que foi suspenso formalmente do Mercosul.
Rodriguez e Choquehanca foram recebidos pela chanceler anfitriã, a argentina Susana Malcorra, e encaminhados para uma sala, onde a venezuelana chegou a postar uma foto no Twitter dizendo estava "esperando pelos chanceleres" do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
No entanto, ao saber da presença da ministra da Venezuela, os chanceleres dos outros quatro países se retiraram do local e se reuniram em outra sala. O ministro das Relações Exteriores brasileiro, José Serra, chegou a postar nas redes sociais, quase ao mesmo tempo, uma outra foto em que aparece ao lado dos outros três representantes em outra sala.
Furiosa, Rodriguez deixou o local e improvisou um "comício" à frente do Palácio San Martin.
"Há um golpe de Estado em curso no Mercosul. Se não deixarem a gente entrar pela porta, nós entraremos pela janela. Viemos para defender a dignidade de nosso povo", disse a representante de Caracas. Entretanto, mesmo passando horas no local, ela não foi recebida pelos outros membros do Mercosul.
Segundo o Itamaraty, o encontro permitiu aos estados-partes tratar da efetiva liberalização do comércio intrabloco, da negociação de um protocolo para a cooperação e facilitação de investimentos no Mercosul, da revisão do protocolo de contratações públicas e da dinamização das negociações extrarregionais.
Na reunião do CMC, foi decidido ainda que a Argentina assumirá a Presidência Pro Tempore do bloco para o primeiro semestre de 2017, conforme o critério da rotatividade por ordem alfabética. No segundo semestre, a presidência caberá ao Brasil.
* Com informações da Agência ANSA